Medida anunciada por Trump intensifica tensões comerciais e reflete uma tática de negociação internacional
A partir de 1º de agosto, produtos importados da União Europeia (UE) e do México enfrentarão uma tarifa de 30% imposta pelos Estados Unidos. O presidente Donald Trump anunciou a decisão por meio de cartas publicadas em suas redes sociais neste sábado (12), direcionadas aos líderes dessas regiões. O movimento ocorre após uma série de novos anúncios tarifários feitos pelo republicano, envolvendo também outros países como Japão, Coreia do Sul, Canadá e Brasil, além de uma tarifa de 50% sobre o cobre.
Novo embate com o México e a União Europeia
Trump justificou a decisão com a necessidade de pressionar o México, apesar de reconhecer a colaboração do país na proteção da fronteira. Em carta à presidente do México, Claudia Sheinbaum, o líder dos EUA afirmou que, embora o país vizinho tenha ajudado, os esforços não foram suficientes.
Por outro lado, a União Europeia, que vinha buscando um acordo comercial abrangente com os EUA, teve suas expectativas frustradas. A proposta inicial de um acordo de tarifas zero sobre produtos industriais foi gradualmente enfraquecida, dando lugar a negociações mais tensas e, possivelmente, a um acordo provisório. Para os oficiais da UE, o anúncio de Trump é interpretado como uma tática de negociação, enquanto o bloco de 27 países enfrenta pressões internas conflitantes. A Alemanha, por exemplo, defende um acordo rápido para proteger sua indústria, enquanto a França sugere cautela, alertando contra um acordo unilateral imposto pelos Estados Unidos.
Posicionamento da União Europeia e as possíveis respostas
Em resposta, Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, afirmou que a UE está disposta a adotar todas as medidas necessárias para proteger seus interesses caso a tarifa de 30% seja implementada. Ela enfatizou a disposição do bloco em continuar as negociações com os EUA até a data limite de 1º de agosto. “Poucas economias no mundo igualam o nível de abertura e adesão da União Europeia a práticas comerciais justas”, declarou von der Leyen, destacando que, se necessário, contramedidas proporcionais seriam tomadas.
Enquanto isso, a Itália, representada pela primeira-ministra Giorgia Meloni, também se manifestou sobre o tema. O governo italiano defendeu que o foco nas negociações comerciais com os EUA é essencial para evitar uma polarização ainda maior. Meloni expressou confiança em que um “acordo justo” poderá ser alcançado, apesar das dificuldades.
Impactos econômicos e arrecadação dos EUA
A série de medidas tarifárias adotadas por Trump desde seu retorno à Casa Branca tem gerado um aumento significativo nas receitas do governo dos EUA. A arrecadação com taxas alfandegárias ultrapassou a marca de US$ 100 bilhões no ano fiscal federal até junho, de acordo com dados divulgados pelo Tesouro dos EUA. Essa arrecadação adicional tem sido vista como uma das consequências diretas da política tarifária agressiva do presidente.