Por Wilton Emiliano Pinto *
Escrevo. Posto. E espero.
No início, é só uma vontade de compartilhar: uma lembrança, uma ideia, um pedaço da alma em forma de palavras. Vai para o grupo, atravessa a tela e repousa ali, no silêncio dos celulares alheios. Alguns leem, outros passam batido. Às vezes, um emoji sorri pra mim. Outras, uma palavra breve — “Lindo”, “Perfeito”, “Verdade”.
E isso basta.
Porque escrever, no fundo, é como lançar bilhetes ao vento. A gente nunca sabe onde vão cair, nem que tipo de solo encontrarão. Mas quando alguém se dá ao trabalho de dizer “li”, ainda que em forma de uma carinha amarela ou um coração vermelho, é como se tivesse aberto a janela e deixado meu bilhete entrar.
Sim, me alegra. Talvez toque meu ego, admito. Não o ego vaidoso, mas aquele outro, mais tímido, que só quer saber se está sendo ouvido. Se o que brotou da alma encontrou, do outro lado, alguma ressonância.
Mas depois vem a parte mais difícil: responder o elogio.
Ah, como é complicado. O “obrigado” sai pequeno demais, quase envergonhado. Porque responder elogios sempre me parece algo meio engessado. Como se qualquer palavra a mais pudesse soar vaidosa, ou então distante. E o elogio, quando é sincero, vem tão cheio de carinho que dá até medo de quebrá-lo com uma resposta mal dada.
Já tentei florear, agradecer com mais emoção, retribuir com palavras doces. Mas parece que quanto mais me esforço, menos espontâneo fica. A verdade é que elogio bonito mesmo deixa a gente meio sem chão. A gente sente, mas não sabe o que fazer com ele.
Talvez a resposta mais honesta seja o próprio silêncio emocionado. Ou uma nova crônica, um novo texto — como este — para dizer, sem dizer: “eu li seu carinho, e ele me tocou”.
Porque no fundo, é isso: a comunicação hoje se resume a essas pequenas trocas invisíveis que, ainda assim, movem o nosso dia. Um texto vai, um emoji vem. Um coração se abre, outro se aquece. E seguimos assim, nesse diálogo sutil, onde nem sempre se fala, mas sempre se sente.
