General da reserva e tenente-coronel devem se encontrar frente a frente na próxima semana; defesa questiona validade da delação de Cid
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou nesta terça-feira (17) a realização de uma acareação entre o tenente-coronel Mauro Cid e o general da reserva Walter Braga Netto. O encontro entre os dois está marcado para o dia 24 de junho, na sede da Corte, em Brasília.
Caso se confirme a data, será a primeira vez que Braga Netto deixará o Comando Militar do Leste desde que foi preso, há cerca de seis meses. A medida faz parte das diligências finais do processo que apura a tentativa de golpe de Estado articulada por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Acareações incluem Anderson Torres e ex-comandante do Exército
Além de Cid e Braga Netto, Moraes também determinou a realização de uma acareação entre o ex-ministro da Justiça Anderson Torres e o ex-comandante do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes. A expectativa é que esta oitiva ocorra no mesmo dia, também na sede do STF.
A decisão de Moraes foi tomada logo após o encerramento do prazo para que as defesas dos réus apresentassem pedidos de novas diligências no processo. Trata-se de uma das últimas fases antes do julgamento do núcleo central da trama golpista, que inclui Bolsonaro e outros integrantes de sua cúpula.
Defesa de réu questiona validade da delação de Mauro Cid
Paralelamente, o advogado Luiz Eduardo Kuntz, que representa Marcelo Câmara, um dos acusados no processo, apresentou ao Supremo fotos e áudios de conversas que, segundo ele, seriam provas de contato direto com Mauro Cid. Kuntz solicita que a delação premiada do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro seja anulada.
De acordo com a defesa, as mensagens teriam sido trocadas por meio de um perfil no Instagram, registrado em nome da esposa de Cid. A conta, segundo o advogado, não exibia publicações e era seguida por poucas pessoas, o que, na avaliação da defesa, reforçaria o caráter reservado da comunicação.
Marcelo Câmara responde a acusações no STF por supostamente monitorar a localização do ministro Alexandre de Moraes, apontado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como um dos principais alvos da articulação golpista envolvendo militares e aliados do ex-presidente.
Em depoimento anterior, Mauro Cid negou ter utilizado o perfil da esposa para se comunicar com os investigados, incluindo Câmara.