Trump descarta cessar-fogo imediato e cogita ataque a instalações nucleares iranianas, enquanto aumenta o envio de caças para a região
Reforço militar em meio à escalada de tensão
Em meio ao agravamento do conflito entre Israel e Irã, o governo dos Estados Unidos intensificou sua presença militar no Oriente Médio. De acordo com informações da agência Reuters, as Forças Armadas americanas enviaram nesta terça-feira (17) um novo contingente de aviões de combate para a região. Entre os modelos destacados estão os caças F-16, F-22 e F-35, considerados parte do arsenal mais avançado da aviação militar norte-americana.
Fontes do governo revelaram que as aeronaves têm como missão, entre outras, a defesa contra drones e projéteis, que vêm sendo utilizados com frequência desde o início dos confrontos, na última sexta-feira.
Trump endurece o discurso contra Teerã
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, adotou um tom ainda mais duro em relação ao Irã. Em mensagens publicadas na rede Truth Social, o republicano afirmou que o Irã deveria optar pela “rendição total” para evitar uma resposta militar mais severa. Apesar disso, Trump declarou não ter intenção, “pelo menos por enquanto”, de ordenar um ataque ao líder supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei.
“Sabemos exatamente onde o chamado ‘Líder Supremo’ está escondido”, escreveu Trump. “Ele é um alvo fácil, mas está seguro lá. Não vamos matá-lo, ao menos não neste momento. Mas não aceitaremos ataques contra civis ou tropas americanas. Nossa paciência está se esgotando.”
O presidente destacou ainda a superioridade do armamento norte-americano. “O Irã pode ter muitos equipamentos defensivos, mas nada se compara ao que é fabricado, concebido e produzido nos Estados Unidos”, afirmou Trump. “Ninguém faz isso melhor do que nós.”
Busca por um “fim real” para o conflito
Durante entrevista a jornalistas a bordo do Air Force One, pouco antes de retornar aos Estados Unidos após a cúpula do G7 no Canadá, Trump reforçou que não busca um simples cessar-fogo. “Queremos algo melhor do que um cessar-fogo”, declarou. O presidente afirmou que seu objetivo é uma solução definitiva para o conflito, exigindo a completa capitulação do Irã.
Trump também negou qualquer iniciativa recente para abrir um canal de diálogo direto com Teerã. Segundo ele, a prioridade é garantir que o Irã suspenda imediatamente suas atividades militares ofensivas e de enriquecimento nuclear.
A possível ofensiva contra as instalações nucleares
Dentro da Casa Branca, cresce o debate sobre uma eventual ação militar contra o complexo de enriquecimento de urânio em Fordo, uma instalação subterrânea que apenas os Estados Unidos possuem capacidade de atingir com armamento convencional. A decisão colocaria os EUA como participantes diretos de um novo conflito de grandes proporções no Oriente Médio, cenário que Trump prometeu evitar em suas campanhas eleitorais.
Autoridades iranianas alertaram que um ataque americano comprometeria qualquer possibilidade de retomada das negociações sobre o programa nuclear. Ainda assim, o presidente americano reiterou na segunda-feira (16) que “o Irã está na mesa de negociações”, sinalizando interesse, ao menos público, em uma solução diplomática.
A gravidade da situação levou Trump a antecipar seu retorno da cúpula do G7. “Assim que eu sair daqui, vamos fazer alguma coisa”, disse o presidente, sem detalhar quais medidas estavam em estudo.
Pressão interna e divergências no Partido Republicano
De acordo com fontes próximas ao governo, Trump instruiu seu enviado especial para o Oriente Médio, Steve Witkoff, e o vice-presidente J.D. Vance a estabelecer contato com autoridades iranianas, numa tentativa de avançar em um processo diplomático. Caso esse esforço falhe, o presidente poderá autorizar o uso da bomba penetradora de grande capacidade conhecida como “Massive Ordnance Penetrator”, com mais de 13 toneladas, capaz de destruir instalações subterrâneas como as de Fordo.
O ex-ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, ressaltou à CNN que a destruição do complexo nuclear iraniano só poderia ser realizada com armamento e pilotos americanos. “O trabalho precisa ser feito por Israel e pelos Estados Unidos”, declarou Gallant, sugerindo que Trump tem nas mãos a possibilidade de “mudar o Oriente Médio e influenciar o mundo”.
Apesar das pressões externas, a decisão sobre um ataque ainda enfrenta resistência dentro do próprio Partido Republicano. A divisão entre os que defendem uma postura mais agressiva e aqueles que temem os custos políticos e militares de uma nova guerra no Oriente Médio reflete um embate mais amplo sobre o papel dos Estados Unidos em conflitos internacionais.
Diplomacia coercitiva e o impasse final
Por ora, Trump tenta manter uma posição de equilíbrio, utilizando a ameaça militar como ferramenta de pressão enquanto mantém abertas as vias diplomáticas. A retórica do presidente busca reforçar a ideia de que a paz ainda é possível — mas somente se o Irã interromper imediatamente suas atividades nucleares.
Caso a combinação de intimidação militar e negociação fracasse, Trump terá de enfrentar uma decisão crítica: transformar o atual impasse em uma guerra direta entre Estados Unidos e Irã, ou manter a posição de apoio estratégico a Israel sem um envolvimento militar direto.
( Com AFP / The New York Tomes )