Presidente dos EUA compara julgamento de aliado brasileiro às acusações que enfrentou; Casa Branca descarta novas sanções contra o Brasil, mas reforça prioridade em defesa da liberdade de expressão
Reação imediata de Trump
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, classificou como “muito surpreendente” a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por conspiração golpista. O julgamento ocorreu nesta quinta-feira (11) na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), que também responsabilizou sete aliados do ex-mandatário por crimes como tentativa de golpe de Estado, organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.
“Eu achava que ele era um bom presidente do Brasil, e é muito surpreendente que isso tenha acontecido. É muito parecido com o que tentaram fazer comigo, mas não conseguiram”, afirmou Trump a jornalistas, destacando ainda: “Ele era um bom homem”.
Casa Branca reforça discurso sobre liberdade de expressão
No início da semana, a porta-voz Karoline Leavitt declarou que Trump “não tem medo de usar o poder econômico e militar” para assegurar a liberdade de expressão no cenário global. A fala foi uma resposta direta a questionamentos sobre o processo que envolve Bolsonaro.
Apesar da retórica firme, Leavitt descartou que novas medidas tarifárias ou sanções estejam em avaliação no momento. “A liberdade de expressão é, possivelmente, a questão mais importante do nosso tempo. O presidente leva esse tema muito a sério, razão pela qual já adotamos ações significativas em relação ao Brasil. No entanto, não há novas medidas em estudo”, disse.
Condenação repercute na imprensa internacional
A decisão do STF de condenar Bolsonaro e seus aliados repercutiu de forma ampla na imprensa estrangeira. A agência Reuters destacou que Bolsonaro se tornou o primeiro ex-presidente do Brasil condenado por atentado à democracia, prevendo possíveis tensões nas relações bilaterais com os Estados Unidos.
Já a Al Jazeera, do Catar, sublinhou que o ex-presidente “mantém uma base política sólida” e que o veredito pode gerar forte mobilização de seus apoiadores no Brasil. A Associated Press, por sua vez, lembrou que o político de extrema direita, que governou entre 2019 e 2022, foi considerado culpado em cinco acusações por três ministros do STF.
Condenados no julgamento
Além de Bolsonaro, foram sentenciados:
- Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
- Anderson Torres, ex-ministro da Justiça;
- Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional;
- Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência;
- Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;
- Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil;
- Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin (neste caso, absolvido das acusações de dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado).
( Com AFP )