Ex-presidente nega tentativa de fuga e justifica valores apreendidos como recursos declarados à Receita Federal
Bolsonaro se diz “humilhado” com uso de tornozeleira eletrônica
Após ser submetido à ordem de uso de tornozeleira eletrônica, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-presidente Jair Bolsonaro se pronunciou nesta sexta-feira (18), refutando a acusação de que estivesse tentando fugir do Brasil. Em sua fala, ele afirmou que o dinheiro apreendido em sua residência havia sido devidamente declarado à Receita Federal.
“Me sinto humilhado, isso é humilhação”, disse Bolsonaro, explicando que a medida tomada contra ele representava uma forma de desrespeito.
Valores apreendidos e suspeitas de fuga
Na operação realizada em sua residência, as autoridades apreenderam US$ 14 mil e R$ 8 mil, além de um pen drive encontrado no banheiro. O ex-presidente minimizou a apreensão do material, alegando não ter “a menor ideia” sobre o conteúdo do pen drive e justificando o armazenamento de dólares em sua residência como uma prática pessoal. “Sempre guardei dólar em casa, tem lá o recibo do Banco do Brasil”, comentou.
Bolsonaro também esclareceu que nunca teve a intenção de deixar o Brasil, mas afirmou que, em sua visão, “sair do Brasil é a coisa mais fácil”. Ao enfatizar sua idade, afirmou: “Sou um ex-presidente, tenho 70 anos. A suspeita é um exagero.”
Medidas restritivas e a decisão de Moraes
A imposição das medidas restritivas, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica, proibição de comunicação com embaixadores e diplomatas estrangeiros, e a restrição ao uso de redes sociais, seguiu-se a uma representação da Polícia Federal (PF). A PF obteve parecer favorável da Procuradoria-Geral da República (PGR) com base nas investigações que indicam a possibilidade de Bolsonaro ter cometido crimes de obstrução à Justiça, coação no curso do processo e ataque à soberania nacional.
Além disso, a investigação revelou o risco de fuga do país, o que levou à apreensão de pelo menos mais US$ 10 mil em sua residência, na manhã desta sexta-feira (18), em Brasília. O valor ainda está sendo contado.
Contexto internacional e a carta de Donald Trump
A decisão do ministro Alexandre de Moraes ocorre em meio a uma série de eventos envolvendo o ex-presidente. Recentemente, o governo dos Estados Unidos, sob a administração de Donald Trump, impôs uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, afetando as exportações do país. Trump, em carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mencionou as ações contra Bolsonaro no STF, considerando-as “injustas”. A tensão internacional, portanto, se soma ao cenário político nacional, aumentando a complexidade da situação enfrentada pelo ex-presidente.