Gilson Filho (PL) critica investigação e prisão do ex-ministro Gilson Machado, ocorrida na última sexta-feira (13), por suspeita de tentar viabilizar passaporte português para Mauro Cid
O vereador do Recife (PE), Gilson Filho (PL), filho do ex-ministro do Turismo Gilson Machado, utilizou a tribuna da Câmara Municipal nesta segunda-feira (16) para fazer duras críticas à prisão de seu pai, ocorrida na última sexta-feira (13). Durante seu discurso, ele chamou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, de “ditador” e, em um gesto de protesto, jogou um exemplar da Constituição Federal no chão do plenário.
Gilson Machado foi preso preventivamente por suspeita de tentar viabilizar um passaporte português para o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Contudo, a medida foi revogada, e o ex-ministro foi solto na mesma noite.
Apesar da soltura, Gilson Filho usou seu espaço na Câmara para criticar a investigação. Ele iniciou afirmando que faria o discurso mais importante como vereador do Recife. “Hoje eu vou falar como filho, que teve seu pai arrancado de casa na sexta-feira de manhã”, disse.
Em seguida, o vereador defendeu que seu pai nunca roubou ou cometeu qualquer crime de corrupção, mas que sua prisão foi por “perseguição política”. “Meu pai foi preso injustamente. Uma perseguição desesperada. A narrativa de Mauro Cid caiu, ele mentiu no julgamento, e agora o ministro Alexandre de Moraes está buscando todos os aliados de Bolsonaro para tentar incriminar, mas mexeram com o cara errado”, declarou Gilson Filho.
Ele então levantou uma foto de seu pai com o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmando que Machado é um homem “íntegro”. Logo depois, pegou um exemplar da Constituição e o jogou no chão. “O ministro Alexandre de Moraes pega a Constituição brasileira e rasga. Ele, hoje, está se achando o ditador do Brasil. Eu, como filho, como quem está sofrendo com as decisões do ministro Alexandre de Moraes, fico muito triste. Por quê? O ministro esquece que atrás dessa prisão ilegal do meu pai tem meu avô. Homem de bem, de 85 anos, que acabou de perder sua esposa, mãe do meu pai”, desabafou o vereador.
O parlamentar concluiu seu discurso afirmando ter o compromisso de eleger seu pai senador em 2026 e de “combater essas atrocidades que o STF está fazendo”.
Suspeitas de tentativa de fuga e condições da soltura
Mauro Cid foi ouvido pela Polícia Federal (PF) ainda na sexta-feira e negou ter planos de deixar o Brasil. Segundo os investigadores, familiares do militar viajaram para os Estados Unidos no mês passado, o que levantou suspeitas sobre uma possível tentativa de fuga.
Em março, o ministro Alexandre de Moraes já havia exigido esclarecimentos formais de Cid a respeito do pedido de passaporte português. O advogado do militar, Cesar Bittencourt, afirmou que Cid iniciou o processo de obtenção da cidadania portuguesa em 11 de janeiro de 2023, logo após os ataques de 8 de janeiro em Brasília.
De acordo com Bittencourt, o pedido foi feito “única e exclusivamente” porque a esposa e as filhas de Cid já possuem cidadania portuguesa. O defensor confirmou ainda que a carteira de identidade portuguesa foi expedida e remetida em 2024. “Carteira portuguesa é apenas um documento de identificação”, reforçou o advogado.
Após ser liberado, Gilson Machado agora está obrigado a comparecer regularmente à Justiça, não poderá sair do país, terá o passaporte cancelado e não poderá manter contato com outros investigados no inquérito que apura uma suposta articulação golpista.
