Um dia após o ciclone extratropical, Grande SP ainda registra apagões, desabastecimento e caos no transporte aéreo
Estragos persistem na Grande São Paulo
A Grande São Paulo amanheceu nesta quinta-feira (11) ainda lidando com as consequências do ciclone extratropical que varreu o estado na véspera, com rajadas que chegaram perto dos 100 km/h. A força dos ventos deixou um rastro de destruição que segue impactando serviços essenciais e a rotina de milhões de pessoas.
Milhares continuam sem energia
A interrupção no fornecimento de energia permanece como o principal problema. Até as 15h, cerca de 1,2 milhão de clientes ainda estavam sem luz — muitos há mais de 24 horas. No pico da ocorrência, na quarta-feira (10), o apagão atingiu 2,2 milhões de imóveis. Outros 300 mil também enfrentam dificuldades no abastecimento de água desde a manhã desta quinta.
A Enel justificou a lentidão na recomposição do sistema afirmando que, em algumas áreas, a reconstrução da rede é “complexa” e envolve a troca de postes, transformadores e quilômetros de cabos avariados. Segundo a concessionária, a capital paulista concentra o maior impacto, com mais de 869 mil unidades consumidoras desconectadas — o equivalente a quase 15% do total.
A empresa afirma ter mobilizado equipes desde o início das ocorrências e reforça que mais de 500 mil clientes tiveram o serviço normalizado entre a noite de quarta e a madrugada desta quinta. Geradores também foram enviados para os pontos considerados críticos.
Rotina improvisada e busca por energia
Com casas e escritórios às escuras, moradores têm migrado para padarias, restaurantes e até estações de metrô para carregar celulares, trabalhar e acessar a internet. Em Pinheiros, todas as mesas de uma padaria na rua Cristiano Viana amanheceram ocupadas por moradores da região, que estão sem energia desde o início do vendaval.
A relações públicas Amanda Nique, 30, relata que não consegue trabalhar e nem cozinhar em casa devido ao uso de fogão elétrico. “A gente depende completamente de energia para tudo”, disse. No escritório onde trabalha, na Faria Lima, a situação também permanece sem solução.
A empresária Alda Monteiro, 46, afirma que, além da falta de energia, a instabilidade da internet móvel dificulta qualquer tentativa de trabalho remoto. “A rede cai toda hora. Na padaria ao menos dá pra carregar os aparelhos e usar o wifi.”
Queda de árvores sobrecarrega serviços
O Corpo de Bombeiros registrou 1.642 chamados por queda de árvores em todo o estado na quarta-feira (10). Na capital, foram 231 ocorrências, das quais 49 ainda necessitam de remoção. A prefeitura afirma que aguarda a Enel desligar a rede em 40 pontos para liberar as equipes.
Trânsito e parques afetados
A mobilidade também foi impactada: 235 semáforos estavam apagados pela manhã, segundo a CET. Agentes foram mobilizados para orientar o tráfego nos cruzamentos mais críticos.
Por precaução, todos os parques municipais amanheceram fechados. O Ibirapuera reabriu ao meio-dia, mas com áreas isoladas para inspeções e ajustes operacionais, segundo a concessionária Urbia.
Desabastecimento de água se espalha pela região
A Sabesp informou que o apagão também prejudica o sistema hídrico. Municípios como Itapecerica da Serra, Guarulhos, Cajamar, Mauá, Santa Isabel, parte de Cotia e de São Bernardo do Campo registram problemas no abastecimento. Na capital, bairros espalhados pelas zonas sul, leste e oeste também enfrentam torneiras secas. A companhia afirma estar em contato com a Enel para acelerar a retomada do serviço.
Aeroportos ainda sofrem reflexos do vendaval
No aeroporto de Congonhas, 46 voos haviam sido cancelados até o fim da manhã desta quinta. Segundo a Aena, os cancelamentos ainda são consequência direta dos fortes ventos que levaram à suspensão de 180 voos na quarta-feira. A orientação é que passageiros verifiquem a situação das viagens diretamente com as companhias aéreas.



