Pesquisa com mais de 639 mil participantes reforça a importância da alimentação equilibrada na prevenção do câncer colorretal
O câncer colorretal, também chamado de câncer de intestino, figura entre os mais comuns do mundo. Segundo a Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer (Iarc), ligada à Organização Mundial da Saúde (OMS), ele é o terceiro tipo de tumor mais frequente e a segunda principal causa de morte por câncer, atrás apenas do de pulmão.
Um estudo conduzido por cientistas chineses e publicado na revista BMC Gastroenterology indica que o consumo regular de vegetais crucíferos — como brócolis, couve-flor, couve e repolho — está associado a uma redução de até 20% no risco de desenvolver a doença.
Carga crescente e alerta para jovens
Embora historicamente ligado ao envelhecimento, o câncer de intestino tem registrado aumento de casos em pessoas mais jovens. Sedentarismo, consumo de ultraprocessados e álcool estão entre os fatores de risco já estabelecidos. Por outro lado, hábitos como a prática de atividade física e uma dieta equilibrada aparecem como mecanismos de proteção.
A preocupação é global: anualmente, cerca de 1,9 milhão de pessoas recebem o diagnóstico e aproximadamente 903 mil morrem em decorrência do câncer colorretal.
Como agem os vegetais crucíferos
Pesquisadores da Inner Mongolia University for the Nationalities, em Yakeshi (China), destacam que vegetais crucíferos são ricos em flavonoides, carotenoides, fibras e vitamina C — compostos reconhecidos pelo efeito protetor contra tumores.
Esses alimentos também contêm glucosinolatos, que, após metabolizados, podem induzir a morte de células cancerígenas e inibir a ativação de substâncias nocivas ao organismo.
Revisão de 17 estudos internacionais
O levantamento reuniu dados de 17 pesquisas internacionais envolvendo 639.539 participantes e identificou 97.595 casos de câncer de intestino. A análise confirmou que o consumo elevado desses vegetais está diretamente relacionado à menor incidência do tumor.
Segundo os cientistas, a redução do risco começa a ser significativa a partir de 20 gramas por dia. O efeito mais protetor foi observado em pessoas que ingeriam entre 40 e 60 gramas diariamente. Acima dessa quantidade, não houve ganho adicional comprovado.
Evidências acumuladas desde os anos 1990
A associação entre crucíferos e prevenção de câncer não é recente. A professora Vijaya Surampudi, da Divisão de Nutrição Humana da Universidade da Califórnia, em Los Angeles (EUA), lembra que pesquisas sobre o tema vêm sendo conduzidas desde 1997.
“Com o brócolis, especificamente, há uma grande quantidade de um fitoquímico chamado sulforafano, um composto vegetal anticâncer associado à redução do risco de câncer de próstata, mama, cólon e oral”, afirmou a pesquisadora em comunicado.
