* Por Wilton Emiliano Pinto
✨ Sentado à margem tranquila do rio do Peixe, observo as águas correndo lentamente.
Há algo nelas que me prende, como se carregassem não apenas o reflexo do céu, mas também o reflexo do tempo.
Um tempo que insiste em seguir adiante, mas que eu, aqui, desejaria segurar por mais um instante.
É como se o rio do Peixe guardasse os segredos de minha vida.
E, de certa forma, ele guarda mesmo.
⌛ Há quarenta e cinco anos, eu guiava minha Variant azul 🚗💙, abarrotada de risadas, de expectativa, de sonhos embalados em malas improvisadas.
Não era apenas um carro; era uma máquina do tempo, capaz de nos transportar para um mundo onde o ar tinha cheiro de mato fresco, o silêncio era quebrado pelo canto dos pássaros e cada instante trazia a promessa de dias inesquecíveis.
Ali, entre curvas de estrada e poeira levantada pelo vento, nascia a magia das nossas aventuras em família.
Era o prenúncio de dias de praia de areia fina,
de banhos de rio que lavavam corpo e alma,
de amanheceres que começavam com o canto dos pássaros, despertando-nos para a vida.
O Rio do Peixe era mais do que um cenário: era um amigo silencioso, sempre à espera, sempre generoso.
Cada acampamento era uma festa em si.
🎒 Montar as barracas era motivo de risadas,
🔥 acender a fogueira trazia histórias que pareciam não ter fim,
👣 as crianças corriam livres, espalhando alegria pelo ar.
O almoço feito à beira do rio tinha um sabor especial, misto de simplicidade e de amor.
Era arroz soltinho, peixe frito, cheiro de mato, calor do sol aquecendo a pele…
e aquela sensação de que a vida se resumia a momentos como aqueles.
🌳 A natureza parecia viva, pulsante, quase cúmplice da nossa felicidade.
Os pássaros eram companheiros constantes, suas melodias se misturavam às gargalhadas, e o vento nas árvores sussurrava como se revelasse segredos antigos.
Era como se o rio nos confidenciasse:
👉 “Vocês estão vivendo os dias mais felizes de suas vidas.”
🌊 Naquela época, eu sabia que era feliz.
Sabia que cada sorriso em volta da fogueira, cada mergulho, cada pescaria que rendia gritos de euforia, eram tesouros guardados no coração.
Mas talvez eu não soubesse o quanto isso tudo faria falta.
⌛ O tempo, naquela juventude, parecia infinito.
Os dias no acampamento pareciam se multiplicar sem pressa, como se nunca fossem terminar.
Mas, como o rio, a vida segue seu curso… e aqueles dias se tornaram lembranças.
🌊 Hoje, olhando para o mesmo rio, tudo parece igual.
A água ainda corre serena, os pássaros ainda cantam, as árvores ainda dançam ao vento.
Mas dentro de mim, tudo mudou.
👶➡️🧒➡️👦➡️🧑 As crianças cresceram.
A Variant azul já não existe.
E aquela barraca, que nos abrigava a todos sob o mesmo teto, agora vive apenas nas páginas da memória.
O que restou é uma saudade doce, mas intensa, que bate forte no peito.
É a lembrança de um tempo em que a felicidade era simples, leve e tão presente que parecia poder ser tocada.
Ainda sou feliz. 🙏✨
Mas é uma felicidade diferente, mais silenciosa, mais reflexiva.
Hoje sou feliz por ter vivido esses momentos.
Por ter visto meus filhos correndo livres pela praia,
por ter sentido a areia escorrendo entre meus dedos,
por ter ouvido o coro dos pássaros misturado às nossas vozes.
Esses dias ficaram distantes, é verdade.
Mas sei que o Rio do Peixe os guarda.
Cada memória parece dissolvida em suas águas, como se cada risada, cada história, cada vitória na pescaria tivesse sido eternizada no movimento lento do rio.
🌿 A saudade me acompanha.
Mas é uma saudade boa, daquela que aquece em vez de ferir.
Uma saudade que me lembra que vivi intensamente, amei profundamente e continuo grato pela vida. 💙
🌊 O rio segue seu caminho.
E com ele, minhas lembranças também seguem, vivas e eternas, correndo ao meu lado como um lembrete de que a felicidade não se perde.
Ela apenas muda de forma, assim como as águas do rio: nunca são as mesmas, mas nunca deixam de ser rio. 🌊✨
