Presidente do PL aponta dependência de ações dos Estados Unidos diante de processo contra ex-presidente e mantém expectativa por candidatura em 2026
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, afirmou nesta segunda-feira (25) que a “única saída” para evitar a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no julgamento da chamada trama golpista no Supremo Tribunal Federal (STF) passa pelo presidente norte-americano Donald Trump. A declaração foi dada durante evento com empresários promovido pelo grupo Esfera Brasil, em São Paulo.
Apoio externo e sanções
Valdemar não detalhou que tipo de ação esperaria de Trump, mas citou medidas já tomadas pelo governo americano, como a aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes e o chamado “tarifaço” imposto à economia brasileira.
“O Trump é a única saída que nós temos. Não temos outra. Quando o poder judicial se comporta dessa maneira, é a pior coisa que existe para todo o país, porque você não tem para quem recorrer. Esse é o nosso problema, todos estão apoiando o Alexandre de Moraes, a maioria. Então, nós só temos uma chance: o Trump”, disse o dirigente.
O presidente do PL também comentou a atuação do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que teria articulado as sanções com autoridades americanas. Segundo Valdemar, o filho do ex-presidente age por conta própria, sem consulta ao partido, mas estaria “ajudando” na defesa do pai.
Eleições de 2026 e indefinição de alianças
Apesar de Bolsonaro estar inelegível até 2030, Valdemar afirmou que ainda acredita em sua candidatura presidencial em 2026. Ele destacou que ministros do STF poderiam pedir vista, o que prorrogaria o julgamento e abriria margem para novas articulações.
“Não podemos perder essa esperança. Temos ministros que podem pedir vista, o que seriam mais 90 dias de julgamento. Temos oportunidade para que isso mude. E quem comanda esse processo é o presidente Jair Bolsonaro, porque foi ele quem construiu essa base da direita e agora do centro”, declarou.
O presidente do PL, no entanto, evitou selar alianças com líderes de outros partidos presentes no evento — Antônio Rueda (União Brasil), Baleia Rossi (MDB), Gilberto Kassab (PSD) e Renata Abreu (Podemos).
Movimento dos partidos de centro
Os dirigentes de MDB, PSD e União Brasil, que hoje ocupam ministérios no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mantêm conversas sobre os rumos para as eleições de 2026. Kassab e Rueda, por exemplo, têm feito críticas frequentes ao governo federal e demonstram proximidade com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Gilberto Kassab defendeu que o PSD deve lançar candidato próprio e citou os nomes dos governadores Ratinho Júnior (Paraná) e Eduardo Leite (Rio Grande do Sul). Ele admitiu, no entanto, que uma eventual candidatura de Tarcísio poderia levar o partido a rever sua posição. Antônio Rueda, por sua vez, mencionou o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, como alternativa. Já Baleia Rossi preferiu adiar a definição e disse que a decisão caberá ao MDB apenas no início de 2026.
Contradição nas declarações
Ao final do evento, em conversa com jornalistas, Valdemar recuou de sua fala inicial e afirmou que não relacionou diretamente Trump ao julgamento de Bolsonaro no STF, mas sim à possibilidade de uma candidatura em 2026. Mesmo assim, reforçou que o presidente americano “não vai parar” e que eventuais soluções poderiam vir tanto das negociações sobre tarifas comerciais quanto de novas medidas contra o Brasil — sem especificar quais seriam.