Presidente do PL defende medida “ampla, geral e irrestrita” e afirma ter maioria para aprová-la
O presidente nacional do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, afirmou nesta terça-feira (9) que a legenda pretende “parar” o Congresso Nacional caso a anistia aos acusados de tentativa de golpe de Estado não seja votada. Em entrevista à Rádio Eldorado, o dirigente disse que o partido tem maioria suficiente para aprovar a proposta e reforçou a defesa de que ela seja “ampla, geral e irrestrita”.
“Se não votarem a anistia, nós vamos parar o Congresso. Hoje temos maioria para isso. Não queríamos dar prejuízo ao País, evidentemente que não, mas nós vamos ter que parar, porque nós não temos outra arma, e nós temos que fazer alguma coisa”, declarou.
Rejeição no Senado
O posicionamento confronta a resistência do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), que já declarou rejeitar a versão mais ampla da medida. Questionado sobre eventual disposição do PL em ceder pontos para viabilizar a votação, Valdemar descartou qualquer flexibilização.
Ainda durante a entrevista, o dirigente evitou comentar diretamente a fala do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que chamou o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de “tirano” em manifestação bolsonarista. Valdemar afirmou que, por orientação jurídica, não atacaria ministros do STF. “Meu advogado me orientou a não atacar nenhum ministro do Supremo e ele tem razão nisso, nós temos que respeitar o Supremo, mas é uma loucura o que está acontecendo”, disse, classificando a reação de Tarcísio como “natural”.
Bandeira dos EUA e apoio a Bolsonaro
O presidente do PL também comentou a presença da bandeira dos Estados Unidos durante o ato de 7 de Setembro, na Avenida Paulista, criticada pelo pastor Silas Malafaia. “(Não foi um erro), pelo contrário, porque nós temos esperança de que o Trump possa ajudar o Bolsonaro”, afirmou Valdemar. Segundo ele, a exibição do símbolo americano envia um recado positivo ao ex-presidente dos EUA.
Indagado sobre a possibilidade de repetir a estratégia do PT em 2018, quando o partido registrou a candidatura de Lula mesmo preso, Valdemar afirmou que aposta na anistia para garantir a elegibilidade de Jair Bolsonaro. Caso isso não ocorra, disse que caberá ao ex-presidente indicar um substituto e também o vice.
Romário e divergências internas
Valdemar descartou a expulsão do senador Romário (PL-RJ), hostilizado na manifestação por não apoiar o pedido de impeachment de Moraes. Segundo ele, a saída do parlamentar enfraqueceria a bancada de 15 senadores. “Já falei com o Romário. Ele disse que se dava muito com o Alexandre de Moraes, que sempre o tratou com atenção e carinho, e que por isso não poderia assinar (o impeachment). Ele me deu uma satisfação. Assim como o Ciro Nogueira, que também não assinou por ser muito amigo do Alexandre”, disse.
O dirigente acrescentou que o partido ainda discutirá o futuro do senador na legenda. “Nós, tecnicamente, precisamos dele no partido. Eu não ia explicar isso no microfone, lá na Paulista”, afirmou.
Cenário em São Paulo
Questionado sobre a formação de chapa ao Senado em São Paulo, diante da possibilidade de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) não retornar ao Brasil, Valdemar disse considerar o vice-prefeito da capital, Ricardo Mello Araújo, “uma boa ideia” para concorrer, citando também o pastor Marco Feliciano (PL-SP) e o deputado federal Cezinha de Madureira (PSD-SP) como alternativas em avaliação.