Sanções da União Europeia atingem setor energético, indústria tecnológica e mercado de metais russos, com foco na diplomacia para encerrar o conflito na Ucrânia
Os países da União Europeia concordaram, nesta quarta-feira (19), em impor uma nova rodada de sanções contra a Rússia, com a adoção formal do pacote prevista para a próxima segunda-feira, data que marca três anos desde o início da invasão russa à Ucrânia.
Essa 16ª leva de sanções ocorre em um momento de mudança no cenário diplomático global. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, optou por conduzir negociações diretas com o presidente russo, Vladimir Putin, afastando os países europeus das discussões sobre o fim do conflito. Na terça-feira, representantes de Washington e Moscou se reuniram na Arábia Saudita e concordaram em restabelecer relações diplomáticas.
Diante desse cenário, a União Europeia busca reafirmar sua influência no desfecho da guerra, mantendo a pressão sobre o Kremlin e assegurando sua presença nas tratativas internacionais. A decisão de adotar novas medidas punitivas vai na contramão da estratégia de Trump, cujo governo sinalizou a intenção de flexibilizar restrições e ampliar a cooperação econômica com a Rússia.
“A UE está reforçando a repressão contra a evasão de sanções, mirando mais embarcações da frota fantasma de Putin e ampliando as proibições de importação e exportação”, afirmou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em publicação na rede social X. “Nosso compromisso é manter a pressão sobre o Kremlin”, acrescentou.
Medidas atingem setor de alumínio, embarcações e indústria de tecnologia
O novo pacote de sanções inclui restrições ao setor de alumínio, com a proibição total da importação do metal russo. Além disso, as medidas ampliam a ofensiva contra a chamada “frota fantasma” – petroleiros usados para driblar as barreiras à exportação de petróleo russo. Segundo fontes da Otan, há suspeitas de que algumas dessas embarcações também estejam envolvidas em atividades de sabotagem de cabos de energia e telecomunicações no Mar Báltico. Ao todo, 73 navios foram adicionados à lista de restrições, que já contava com 79 embarcações sancionadas.
A nova rodada de penalidades também atinge 48 indivíduos e 35 entidades, sujeitos a congelamento de bens e restrições de viagem. Além disso, o bloco europeu decidiu restringir a exportação de consoles de videogame, joysticks e simuladores de voo, sob a justificativa de que esses equipamentos podem ser utilizados pelo exército russo no controle de drones militares.
Outras proibições abrangem a exportação de insumos químicos, cromo e componentes eletrônicos, além da interrupção de serviços para refinarias de petróleo e gás. A UE também expandiu suas medidas contra o setor financeiro russo, excluindo mais 13 bancos do sistema de pagamentos internacionais SWIFT e bloqueando a transmissão de oito veículos de comunicação russos no continente europeu.
A Alta Representante da UE para Assuntos Externos e Segurança, Kaja Kallas, destacou que as novas restrições buscam “fechar as brechas que ainda permitem a sustentação da máquina de guerra russa”.
“O Kremlin não abalará nossa determinação”, afirmou Kallas, que também defendeu uma ampliação do apoio militar europeu à Ucrânia – embora a extensão desse reforço ainda dependa da decisão dos Estados-membros.