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Casa Artigos

Uma Viagem ao Passado – Por Wilton Emiliano Pinto *

Jeverson by Jeverson
2 de outubro de 2025
in Artigos
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Uma Viagem ao Passado – Por Wilton Emiliano Pinto *
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Certa tarde, tomado por um sentimento difícil de explicar — uma mistura de melancolia e doce saudade — encontrei-me diante de uma caixa de velhas fotografias.

Um gesto simples, quase banal, mas que tem o poder de nos transportar para lugares distantes.

E foi exatamente o que aconteceu.

Entre tantas imagens, uma me paralisou.

Era papai, de chapéu de palha, no meio da plantação. A foto, em preto e branco, parecia ter o dom de parar o tempo.

Ali estava ele, por volta de 1950, cuidando da lavoura de milho em destoca, como era costume nos tempos de outrora.

Fiquei olhando, fixamente.

E uma pergunta brotou no coração:

E se eu pudesse voltar no tempo? Nem que fosse por um instante…

Só para ver de novo.
Sentir de novo.
Viver de novo tudo aquilo que me fez ser quem sou.

Sentei-me diante do computador, decidido a registrar as lembranças.

Mas ao começar a digitar, não era mais o homem de 80 anos que teclava.

Eu tinha voltado a ser o garoto de 10.

O menino que corria pelas estradas de terra, de pés descalços e coração leve.

Foi então que algo mágico aconteceu.

O relógio da parede girou ao contrário.

O ambiente ao meu redor se transformou.

O cheiro da terra molhada voltou.
O aroma do café torrado no fogão a lenha me envolveu.
O canto dos passarinhos ecoou ao longe.

De repente, eu estava de volta à Fazenda da Mata, pertinho do povoado de Estulânia, onde nasci e vivi meus primeiros sonhos.

O cenário era um retrato vivo do passado.

Vi os campos verdes que papai cultivava com tanto zelo — arroz, feijão e milho.
O velho curral ainda guardava as marcas das vacas esperando a ordenha.

Logo abaixo, o monjolo seguia seu ritmo ancestral, impulsionado pelas águas do córrego.

O som grave do moinho de pedra embalava minhas memórias como uma cantiga de ninar.

Fui até o quintal.

O pé de mangaba estava lá, carregado de frutos. Peguei um, mordi devagar… e o sabor da infância explodiu na boca.

Senti que eu realmente tinha voltado.

Entrei na casa onde nasci. A madeira antiga ainda rangia sob meus pés.

Na varanda, mamãe mexia o fogo com a colher de pau, cantarolando baixinho.

— Venha, menino, o café está pronto! — disse ela, com aquela voz suave que parecia embalar o mundo.

Naquele instante, eu era outra vez o menino que corria para os braços da mãe.
O menino que se sujava de barro sem pressa.
O menino que acreditava que tudo duraria para sempre.

E todos estavam lá.

Meus irmãos, meus companheiros de aventuras.

A cena mais viva foi quando subi na garupa de Barsanulfo.

Cavalgamos pelo campo como dois pequenos destemidos. O vento batia no rosto, a risada solta cortava o ar.

Papai nos viu e ralhou, como de costume.

Mas aquilo… aquilo ficou tatuado na memória.

Caminhei também pela trilha de terra batida até o grupo escolar de Estulânia.

Um quilômetro de estrada, todos os dias.

A escolinha, construída pela iniciativa de meu pai, era símbolo de esperança.

Nosso professor, o seu Arquimedes, com sua feição séria, nos recebia na porta.

Levávamos um litro de leite como “entrada” para as aulas — exigência dele.
E para nós, uma rotina sagrada.

Mas como todo sonho bonito, aquele também foi se apagando.

As cores perderam brilho.
Os sons ficaram distantes.

E de repente, eu estava de volta ao presente.

O cursor piscava na tela.
O silêncio tomava conta do escritório.
O eco das lembranças batia devagar no coração.

Hoje, Estulânia ainda existe.

Envolta por lavouras de soja e pastagens, é verdade… Mas continua do mesmo tamanho, com o mesmo silêncio, com os mesmos ares de sempre.

Não cresceu.
Não encolheu.

Como se o tempo a tivesse respeitado, passando de mansinho, sem pressa, sem pressões.

Ela é a mesma: pequena, acolhedora, serena.

Como um retrato emoldurado no coração de quem viveu ali.

E percebi, então, que nada realmente se perde.

O passado pulsa dentro de nós.
Mora nas memórias que guardamos com carinho.
Nos gestos simples.
Nas cenas que revemos quando fechamos os olhos.

Por um breve momento… eu viajei no tempo.

E talvez essa seja a maior dádiva da memória: nos permitir reviver o que nos fez felizes, ainda que apenas por um instante — um breve e precioso instante.

* “Servidor público aposentado, Wilton Emiliano Pinto segue em atividade maior: servir à memória e ao coração por meio de suas crônicas.”
Tags: ArtigosEstulâniaFazenda da MataUma viagem ao passadoWilton Emiliano Pinto
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