No dia que marca três anos desde o início da invasão russa, líderes internacionais se reuniram em Kiev nesta segunda-feira (24) para expressar apoio à Ucrânia e ao presidente Volodymyr Zelensky. A visita ocorre em um momento decisivo do conflito, enquanto um alerta de ataque aéreo foi emitido em todo o território ucraniano. Nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump busca mediar um acordo de paz nos moldes defendidos por Vladimir Putin, sem oferecer garantias concretas à Ucrânia e aos países europeus.
A cúpula, que ocorre em formato híbrido, reúne treze chefes de Estado europeus e o primeiro-ministro do Canadá, além de 24 representantes internacionais participando por videoconferência. Durante as discussões em Kiev, os líderes debatem formas de manter o apoio à Ucrânia, em meio à mudança de posicionamento de Washington em relação à guerra. Entre os presentes estão a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o presidente do Conselho Europeu, Antonio Costa, e o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau.
O dia começou sob ameaça de ataques russos. “Perigo de mísseis em todo o território da Ucrânia!”, alertou a Força Aérea Ucraniana no Telegram, em referência à decolagem de um caça MiG-31, equipado com mísseis.
Em uma mensagem divulgada nas redes sociais, Zelensky exaltou os três anos de resistência e destacou o “heroísmo absoluto dos ucranianos” no conflito. O presidente também agradeceu o apoio internacional e reforçou o apelo pela troca de todos os prisioneiros de guerra como um passo inicial para possíveis negociações com Moscou. Segundo ele, o objetivo é alcançar uma “paz real e duradoura” ainda este ano.
“Destino da Europa está em jogo”, diz Von der Leyen
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, enfatizou que a guerra na Ucrânia vai além das fronteiras do país. “Nesta luta pela sobrevivência, não é apenas o destino da Ucrânia que está em jogo. É o destino da Europa”, afirmou em discurso na capital ucraniana.
O presidente do Conselho Europeu, Antonio Costa, anunciou uma cúpula extraordinária do bloco para o dia 6 de março, destinada a discutir novas estratégias para a segurança regional e o apoio à Ucrânia.
Na Alemanha, Friedrich Merz, líder da União Democrata-Cristã (CDU) e vencedor das eleições parlamentares no domingo (23), defendeu a criação de uma “capacidade de defesa europeia autônoma”, argumentando que a aliança militar do Ocidente precisa ser reavaliada.
A mudança na postura dos Estados Unidos, que por três anos mantiveram um fluxo contínuo de ajuda militar à Ucrânia, gerou apreensão no país. Muitos ucranianos temem que Kiev seja pressionada a fazer concessões territoriais para garantir um cessar-fogo.
“Se o presidente ceder os territórios ocupados pela Rússia, os soldados que estão lutando por nossa terra não vão aceitar e continuarão resistindo”, afirmou Oleksandr, comandante de uma unidade de artilharia da 93ª Brigada. “Muitos já perderam suas casas, suas famílias, seus filhos. Não há mais nada a perder.”
Refinaria russa pega fogo após ataque de drones
Nesta segunda-feira, um incêndio atingiu a refinaria de petróleo de Ryazan, uma das maiores da Rússia, localizada ao sul de Moscou. Segundo autoridades russas, a instalação foi alvo de um ataque de drones ucranianos. Essa é a terceira vez que a refinaria sofre ataques desde janeiro.
Enquanto isso, manifestações em apoio à Ucrânia ocorreram no domingo em cidades como Paris, Praga, Vilnius e Washington, em frente à embaixada russa. Novos protestos estão programados para esta segunda-feira em Londres e Sydney.
Explosão no consulado russo em Marselha
Na França, uma explosão foi registrada nesta segunda-feira no Consulado russo em Marselha, após o lançamento de três projéteis contra o muro da representação diplomática. Autoridades de segurança isolaram a área, mas não houve vítimas. Todos os funcionários e o cônsul foram retirados para locais seguros.