Declaração ocorreu ao lado do primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, antes de reunião privada entre as autoridades
Na última sexta-feira (7), o presidente Donald Trump anunciou a possibilidade de impor tarifas adicionais aos produtos importados do Japão, caso o déficit comercial dos Estados Unidos com o país asiático não seja equilibrado.
A declaração foi feita ao lado do primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, em resposta aos repórteres, antes de um encontro reservado entre as autoridades.
“Queremos resolver o déficit. Temos cerca de US$ 100 bilhões de déficit com o Japão, o que não me surpreende, porque vocês são excelentes negociadores”, afirmou Trump.
Ishiba, por sua vez, expressou compreensão quanto ao desejo do presidente americano de estabelecer uma política comercial benéfica “mutuamente” e indicou que isso será discutido futuramente.
Esse foi o segundo encontro bilateral de Trump na semana, sendo o primeiro com o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, na Casa Branca.
Trump elogiou Ishiba, mencionando que ele faz um “trabalho fantástico”. Ishiba retribuiu os elogios, afirmando que a fabricante japonesa de carros, Toyota, pretende anunciar mais investimentos e gerar empregos nos EUA.
“Enquanto avançamos, junto com o presidente e também com os Estados Unidos, o Japão e eu estamos determinados a trabalhar de mãos dadas para trazer paz ao mundo e também permitir que as pessoas realizem seus sonhos e esperanças”, declarou o primeiro-ministro.
Mais tarde, Trump mencionou que não discutiu a questão tarifária com a autoridade japonesa, mas reiterou sua intenção de impor tarifas recíprocas, sem especificar os países. O presidente afirmou que planeja implementá-las na próxima semana.
Ishiba respondeu, dizendo que se as tarifas “forem mutuamente benéficas para ambos, elas precisam ser aplicadas”. Ele também anunciou que o Japão, por meio de empresas como a Toyota, fará grandes investimentos em fábricas nos EUA.
“Serão criados muitos empregos. [Investir] US$ 1 trilhão é o objetivo. É bom tanto para os EUA quanto para o Japão”, disse Ishiba.
Os líderes também anunciaram que a compra da empresa americana US Steel pela Nippon Steel será revisada para se tornar um investimento ao invés de uma aquisição.
No ano passado, o ex-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, bloqueou a compra da empresa americana pela japonesa, no valor de US$ 14,9 bilhões.
Ambas as empresas entraram com uma ação judicial alegando que Biden violou a Constituição ao bloquear a compra com base em uma falsa análise de segurança nacional, em janeiro. Agora, Trump afirmou que o Japão continuará com o investimento na companhia americana, com sua mediação.
Durante o encontro, os dois discutiram os esforços japoneses para aumentar os gastos com defesa a fim de conter a China. Trump mencionou que o primeiro-ministro falou sobre iniciativas para diminuir o avanço econômico chinês.
O presidente americano e Ishiba também discutiram maneiras de conter os avanços nucleares da Coreia do Norte.
Trump reforçou os elogios a Ishiba, dizendo que ele é uma autoridade “forte”. Este foi o primeiro encontro pessoal entre os dois líderes. Questionado sobre suas impressões a respeito de Trump, Ishiba disse que, pela televisão, o presidente americano parecia “assustador”, mas ao vivo, ele é apenas “sincero” e que não estava dizendo isso para agradar o republicano.