O governo dos Estados Unidos anunciou a aplicação de tarifas retaliatórias sobre 185 países e territórios, como parte de uma nova estratégia de política comercial do presidente Donald Trump.
A medida, que entra em vigor em 5 de abril, causou surpresa não apenas pela abrangência, mas também pela inclusão de locais sem atividade comercial ou população residente, como é o caso das Ilhas Heard e McDonald, no Oceano Índico.
Embora o arquipélago seja desabitado e não mantenha relações comerciais próprias com os Estados Unidos, foi incluído na lista por ser território da Austrália, que também figura entre os países afetados. Segundo informações divulgadas por assessores da Casa Branca ao site Axios, a tarifação se estende a todos os territórios sob jurisdição dos países listados.
Arquipélago remoto e protegido
As Ilhas Heard e McDonald integram um dos ecossistemas mais preservados do planeta. Localizadas a mais de 4 mil quilômetros da costa australiana, as ilhas são conhecidas por suas paisagens vulcânicas ativas, presença de espécies endêmicas e colônias de pinguins, focas e aves marinhas. A região é considerada um dos últimos ambientes marinhos intocados do mundo.
Desde 1997, o arquipélago é classificado como Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco, em razão de sua importância geológica e ambiental. O acesso às ilhas é extremamente restrito, sendo permitido apenas a expedições científicas autorizadas pelo governo australiano. Essas visitas ocorrem geralmente a cada três anos, durante o verão do Hemisfério Sul. Não há turismo comercial nem infraestrutura local, o que reforça o caráter simbólico — e controverso — da imposição de tarifas.
Tarifa mínima de 10%
De acordo com o anúncio da Casa Branca, as tarifas impostas aos 185 países e territórios partem de uma alíquota mínima de 10%. O argumento utilizado pelo governo norte-americano é o de que muitos desses países adotam práticas comerciais consideradas injustas com relação aos produtos norte-americanos. O Brasil também foi incluído entre os países afetados, reacendendo a tensão entre os dois governos na área comercial.
A decisão ocorre em meio a uma escalada de medidas protecionistas por parte da gestão Trump, que busca fortalecer a indústria interna dos EUA e reduzir o déficit comercial com parceiros internacionais.’