Em discurso no Parlamento israelense, presidente americano diz que país “venceu” militarmente e deve agora transformar conquistas em estabilidade regional
Apelo por reconciliação e reconstrução
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta segunda-feira (13) que Israel deve aproveitar o fim do conflito na Faixa de Gaza para abrir caminho à paz no Oriente Médio. Em discurso na Knesset, o Parlamento israelense, o republicano agradeceu aos mediadores internacionais e declarou estar determinado a alcançar um acordo regional duradouro. “Daqui a gerações, este será lembrado como o momento em que tudo começou a mudar”, disse, sob aplausos dos parlamentares.
Durante a fala, Trump também dirigiu críticas aos ex-presidentes democratas Joe Biden e Barack Obama, além de fazer um apelo incomum ao presidente israelense, Isaac Herzog, para que perdoasse o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu. O líder americano descreveu Netanyahu, conhecido como “Bibi”, como “um dos maiores líderes em tempos de guerra”, embora tenha reconhecido que ele “não é uma pessoa fácil”. O republicano ainda elogiou o opositor Yair Lapid, líder do Yesh Atid.
“Hora de transformar vitórias em paz”
Em tom conciliador, Trump afirmou que Israel “conquistou tudo o que podia pela força das armas” e que agora é o momento de buscar “o prêmio final da paz e prosperidade para todo o Oriente Médio”. Ele também prometeu apoio dos Estados Unidos na reconstrução da Faixa de Gaza, devastada após meses de bombardeios e confrontos.
“Após imensa dor, morte e dificuldade, agora é hora de se concentrar em construir o seu povo, e não em tentar derrubar Israel”, declarou. Trump ainda fez referência ao Irã, com quem Washington teve um confronto direto em junho, dizendo que “os EUA querem apenas viver em paz, sem ameaças iminentes sobre suas cabeças”.
Cúpula no Egito discutirá futuro de Gaza
Trump confirmou que seguirá para o Egito, onde participará de uma cúpula internacional sobre o futuro da Faixa de Gaza. De forma descontraída, comentou os longos discursos de Netanyahu e Lapid: “Eles podem não estar lá quando eu chegar, mas vamos tentar”, brincou.
O governo americano havia convidado Netanyahu para o encontro, mas o premiê recusou o convite devido à proximidade do feriado judaico de Simchat Torá. A reunião deve contar com líderes regionais e discutir a reconstrução do território e o futuro político palestino após o cessar-fogo.
Trégua e libertação de reféns
Pelo acordo firmado na semana passada, as forças israelenses recuaram para novas posições dentro da Faixa de Gaza, dando início a um cessar-fogo de 72 horas. O Hamas libertou todos os reféns vivos nesta segunda-feira (13), enquanto Israel soltou cerca de dois mil prisioneiros palestinos, transferidos para a Cisjordânia e Gaza.
Conforme o acordo, o grupo palestino também deverá devolver os corpos dos reféns mortos, mas ainda não há clareza sobre o prazo. Segundo o Fórum das Famílias dos Reféns, apenas quatro corpos seriam entregues a Israel nesta segunda. Tel-Aviv estima que 26 reféns tenham morrido, e autoridades acreditam que o Hamas ainda precise localizar alguns corpos antes da devolução.
Compromisso mútuo pela paz
Em resposta ao discurso americano, Netanyahu afirmou que Trump é “o maior amigo que Israel já teve na Casa Branca” e declarou estar comprometido com o processo de paz. “Senhor presidente, o senhor está comprometido com esta paz. Eu também estou. E juntos, senhor presidente, alcançaremos esta paz”, declarou o primeiro-ministro, encerrando uma sessão marcada tanto pela emoção quanto pela expectativa de um novo capítulo nas relações entre Estados Unidos, Israel e o mundo árabe.