Durante encontro em Washington, presidente dos EUA sinaliza otimismo sobre acordo de paz, enquanto líderes da União Europeia reforçam urgência de interromper os combates
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta segunda-feira (18) que a Rússia estaria disposta a aceitar garantias de segurança do Ocidente para a Ucrânia, um dos pontos centrais nas negociações para encerrar a guerra que já dura mais de três anos e meio. A declaração foi feita durante reunião com líderes europeus e com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, em Washington.
Apesar do tom otimista do americano, representantes da União Europeia insistiram que a prioridade deve ser um cessar-fogo imediato, algo que, segundo eles, é condição indispensável para avançar nas tratativas de paz.
Trump aposta em acordo de longo prazo com Putin
Trump relatou que o presidente russo, Vladimir Putin, aceitou discutir um modelo de garantias de segurança para a Ucrânia, desde que não envolva a adesão do país à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) — linha vermelha para Moscou e que também deixou de ser prioridade para a Casa Branca.
“Estou otimista de que possamos chegar a um acordo que impeça futuras agressões contra a Ucrânia. Realmente acredito que isso é possível”, afirmou o republicano, destacando que a decisão final caberá a Zelensky e ao povo ucraniano.
O presidente norte-americano também deixou aberta a possibilidade de os EUA participarem de uma força de paz internacional. No início do ano, ele havia descartado essa hipótese. Para o secretário-geral da Otan, Mark Rutte, a mudança de postura representa “um avanço significativo” nas negociações.
Divergência entre Washington e Europa
Apesar da aproximação entre Trump e Putin após a reunião no Alasca, as diferenças de visão ficaram evidentes em Washington. O presidente americano declarou que deixou em segundo plano a busca por um cessar-fogo imediato, defendendo a construção de um acordo “abrangente e duradouro”.
Já os europeus reforçaram que a interrupção dos combates deve ocorrer antes de qualquer encontro trilateral entre Trump, Zelensky e Putin.
“Todos nós gostaríamos de ver um cessar-fogo, o mais tardar a partir da próxima reunião”, disse o chanceler alemão, Friedrich Merz. O presidente francês, Emmanuel Macron, reforçou: “Pelo menos para impedir a matança, o cessar-fogo precisa ser anunciado”.
Trump, contudo, relativizou: “Um cessar-fogo pode ser possível, mas não está acontecendo neste momento. Prefiro acreditar em um acordo definitivo que encerre a guerra de forma permanente”.
Garantias de segurança em debate
Outro ponto de divergência foi a definição das garantias de segurança. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, defendeu que o modelo siga o Artigo 5º do Tratado da Otan, que prevê resposta coletiva a ataques militares. Embora a Ucrânia não integre a aliança, Ursula argumentou que o país deveria ser protegido pelo mecanismo.
Macron, por sua vez, disse que a discussão deve incluir não apenas Kiev, mas toda a segurança europeia. Ele sugeriu ainda a presença de representantes do bloco nas futuras negociações, proposta que não foi comentada por Trump.
Territórios em discussão nos bastidores
Embora não tenha sido oficialmente colocado sobre a mesa, o tema das concessões territoriais apareceu nas entrelinhas. Putin defende que parte do território atualmente ocupado pelas tropas russas seja reconhecido como parte da Rússia, e Trump sinalizou disposição em considerar a questão em negociações futuras.

No início da reunião, Zelensky agradeceu a Trump “pelo mapa”, indicando que o assunto foi tratado de forma reservada dentro da Casa Branca.