Durante voo ao Japão, presidente americano elogiou encontro com Lula na Malásia e chamou o petista de “vigoroso”; líderes discutiram tarifas e sanções contra autoridades brasileiras
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, parabenizou o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pelo aniversário de 80 anos, celebrado nesta segunda-feira (27), enquanto comentava a possibilidade de um acordo para redução das tarifas impostas ao Brasil.
Durante entrevista a jornalistas a bordo do avião presidencial, o republicano voltou a elogiar a reunião que teve com o petista em Kuala Lumpur, na Malásia, e o descreveu como um líder “vigoroso”.
“Tivemos uma boa reunião. Vamos ver o que acontece. Não sei se alguma coisa vai acontecer, mas vamos ver. Eles gostariam de fazer um acordo. Vamos ver — agora eles estão pagando acho que 50% de tarifa. Mas tivemos uma ótima reunião”, disse Trump.
“E feliz aniversário. Quero desejar um feliz aniversário ao presidente, certo? Hoje é o aniversário dele. Ele é um cara muito vigoroso, na verdade, e foi muito impressionante, mas hoje é o aniversário dele, então feliz aniversário”, completou o presidente americano.
Trump, que completou 79 anos em junho, deu as declarações enquanto viajava ao Japão, onde participará de um encontro com o imperador. A reunião entre os dois líderes ocorreu no domingo (26), à margem da cúpula da Asean (Associação das Nações do Sudeste Asiático), e durou cerca de 45 minutos.
Casa Branca muda o tom e publica foto com Lula
Após o encontro, a Casa Branca divulgou uma foto de Trump e Lula com a legenda: “É uma grande honra estar com o presidente do Brasil”. O gesto foi interpretado como uma mudança de postura em relação ao tom mais duro adotado pelos Estados Unidos nas últimas declarações sobre o governo brasileiro.
Durante a conversa, Lula pediu a suspensão das tarifas de 50% aplicadas a produtos brasileiros e das sanções impostas a autoridades por Washington.
Entre os alvos das medidas está o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que sofreu sanções financeiras com base na Lei Magnitsky, além de ter o visto americano revogado — assim como outros magistrados e integrantes da Corte. As ações foram justificadas pelos EUA sob a alegação de que o STF estaria restringindo a liberdade de expressão de cidadãos americanos e promovendo perseguição ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Lula diz esperar solução para tarifas e critica Bolsonaro
Em entrevista concedida a jornalistas na Malásia, Lula afirmou acreditar que o Brasil chegará a uma solução nos próximos dias em relação às tarifas impostas pelo governo americano. Segundo ele, o encontro com Trump serviu também para esclarecer “equívocos”.
“Ele garantiu que vai ter acordo”, afirmou o presidente brasileiro.
Lula também aproveitou para reforçar que Bolsonaro é “passado” na política nacional.
“E eu ainda disse para ele: com três reuniões que você fizer comigo, você vai perceber que o Bolsonaro era nada, praticamente. Era porque eu não converso em tom pessoal, eu converso em tom político, de interesse do meu país”, afirmou.
“Rei morto, rei posto”, acrescentou.
Ao comentar o julgamento de aliados do ex-presidente, Lula afirmou que o processo foi conduzido de forma criteriosa.
“Eu disse pra ele que o julgamento foi um julgamento muito sério, com provas muito contundentes, nenhuma prova da oposição. A prova é tudo de relato das pessoas que estão sendo julgadas”, disse.



