Durante reunião em Kuala Lumpur, presidente dos EUA ouviu Lula com atenção e elogiou sua “volta por cima” após prisão e retorno ao poder
O presidente Donald Trump se reuniu neste domingo (26) com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Kuala Lumpur, capital da Malásia. Segundo integrantes da comitiva brasileira, Trump chegou “preparado” para a conversa, demonstrando interesse pela trajetória do líder petista, de sindicalista a “político perseguido”.
De acordo com o chanceler Mauro Vieira, que acompanhou o encontro, Trump manifestou respeito e admiração pela história política de Lula.
— O presidente Trump declarou admirar o perfil da carreira política do presidente Lula, já tendo sido duas vezes presidente da República, tendo sido perseguido no Brasil e se recuperado e voltado, provado sua inocência para voltar a se apresentar e conquistar seu terceiro mandato à Presidência da República — relatou Vieira.
Conversas ocorreram em clima cordial e superaram expectativas
Antes da reunião, havia apreensão no Planalto sobre possíveis desconfortos, devido ao temperamento imprevisível de Trump. A diferença de perfis — um ex-líder sindical e um magnata do setor imobiliário — aumentava a incerteza quanto ao tom do encontro.
Mas, segundo fontes do governo brasileiro, tudo correu melhor do que o esperado. O presidente americano manteve uma postura respeitosa e mostrou disposição para chegar a um entendimento. Lula falou por mais tempo, enquanto Trump escutou com atenção e fez poucas intervenções.
O presidente brasileiro apresentou dados econômicos que, segundo ele, comprovam não haver justificativa para o tarifaço imposto pelos Estados Unidos às exportações do Brasil. Lula destacou que, nos últimos 15 anos, os EUA acumularam um superávit comercial de US$ 410 bilhões na relação bilateral.
Durante o diálogo, Lula entregou a Trump um documento em inglês com informações econômicas e pediu que a sobretaxa de 50% aplicada pelo governo norte-americano seja suspensa enquanto as negociações entre os dois países continuam.
Lula defende julgamento de Bolsonaro e rebate críticas
Em outro momento, o presidente brasileiro abordou a política interna e defendeu o julgamento de Jair Bolsonaro, afirmando que o processo seguiu os preceitos da Constituição e que havia provas “robustas” contra o ex-presidente.
Trump, no entanto, manteve sua posição crítica, argumentando que as sanções aplicadas a autoridades brasileiras, como o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, foram motivadas pela percepção de que Bolsonaro havia sido alvo de um processo “injusto”.
Mesmo diante das divergências, o chanceler Mauro Vieira classificou o encontro como positivo:
— O presidente Trump foi muito simpático e ouviu tudo com muita atenção — afirmou.


