Presidente dos EUA defende cessão de regiões ucranianas à Rússia; Zelenski rejeita proposta e líderes europeus reagem com cautela
Mudança de postura após cúpula no Alasca
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a endossar um plano de paz proposto pela Rússia para encerrar o conflito na Ucrânia. A proposta, revelada após reunião com o presidente russo Vladimir Putin em Anchorage, no Alasca, prevê a cessão de territórios ucranianos ao Kremlin em troca de um cessar-fogo parcial.
Segundo informações publicadas pelo jornal The New York Times, com base em fontes diplomáticas europeias, o plano inclui a entrega das regiões de Donetsk e Luhansk — inclusive áreas atualmente sob controle ucraniano.
“Façam um acordo”, diz Trump
Em entrevista à Fox News após o encontro, Trump foi direto ao comentar o que diria ao presidente ucraniano Volodmir Zelenski: “Façam um acordo”, afirmou. “A Rússia é uma potência muito grande e eles não.”
A declaração marca um afastamento da posição anteriormente defendida por Washington e seus aliados europeus, que priorizavam um cessar-fogo imediato como pré-condição para qualquer negociação.
Putin oferece trégua e promessas — já quebradas antes
Em troca das concessões territoriais, Putin teria oferecido um cessar-fogo nas frentes de batalha e uma promessa formal de não atacar novamente a Ucrânia ou outros países europeus. No entanto, líderes europeus lembram que o Kremlin já descumpriu compromissos semelhantes no passado.
Trump havia ameaçado sanções econômicas caso Putin deixasse a reunião sem acordo, mas suspendeu as ameaças após o encontro. A mudança de tom gerou desconforto entre aliados europeus, que observam com preocupação a oscilação da postura americana.
Conversas com Zelenski e líderes europeus
Em publicação no Truth Social, Trump afirmou ter conversado por telefone com Zelenski e líderes europeus após a reunião com Putin. Segundo ele, “foi determinado por todos” que o melhor caminho seria iniciar diretamente as negociações de paz, sem implementar um cessar-fogo prévio.
A afirmação não foi corroborada publicamente pelos líderes europeus, que emitiram nota conjunta ameaçando ampliar sanções contra Moscou “enquanto a matança da Ucrânia continuar”.
Ucrânia reage e busca protagonismo nas negociações
Zelenski, que não participou da cúpula no Alasca, declarou que discutirá com Trump “todos os detalhes sobre o fim da matança e da guerra” em reunião marcada para segunda-feira, em Washington.
Autoridades ucranianas demonstraram surpresa com a exclusão da exigência de cessar-fogo antes das negociações. A percepção em Kiev é de que iniciar diálogos sem trégua favorece a Rússia, que tem avançado militarmente nas últimas semanas.
Atualmente, Moscou controla toda a região de Luhansk e cerca de 75% de Donetsk, Zaporizhzhia e Kherson.
Europa se mobiliza e mantém cautela
Líderes da França, Reino Unido e Alemanha convocaram reunião virtual para domingo, com o objetivo de alinhar estratégias diante da nova postura americana. Embora não tenham contradito abertamente Trump, tampouco endossaram sua proposta.
A diplomacia europeia segue cautelosa, diante do risco de que concessões territoriais sejam feitas sem o envolvimento direto da Ucrânia — país diretamente afetado pelas decisões em curso.