Presidente americano acusa país de ser “parceiro comercial horrível” e cita processo contra Jair Bolsonaro; governo brasileiro rebate com dados de déficit comercial dos EUA
Declarações na Casa Branca
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta quinta-feira (14), na Casa Branca, que o Brasil “tem sido um parceiro comercial horrível” por impor “tarifas enormes” aos produtos americanos.
Em seu discurso, Trump também criticou a condução do processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), atualmente em prisão domiciliar por descumprir medidas determinadas pelo ministro Alexandre de Moraes, relator da ação no Supremo Tribunal Federal (STF). Bolsonaro é acusado de integrar uma organização criminosa responsável por tentativa de golpe de Estado em 2022.
— O Brasil tem algumas leis muito ruins acontecendo, em que eles pegaram um presidente e o colocaram na prisão, ou estão tentando colocá-lo na prisão — disse Trump. — Eles também nos trataram mal como parceiros comerciais por muitos anos, um dos piores países do mundo. Agora estão recebendo tarifas de 50% e não estão muito felizes, mas é assim que funciona.
Divergência com dados oficiais
Conforme a agência de notícias americana Bloomberg, as declarações de Trump contrastam com estatísticas comerciais divulgadas pelo governo brasileiro. O Brasil é um dos poucos países com déficit na balança comercial com os EUA, comprando mais do que vende para a maior economia do mundo.
Em 2024, as importações brasileiras de produtos americanos somaram cerca de US$ 44 bilhões, enquanto as exportações para os EUA ficaram em torno de US$ 42 bilhões, segundo dados oficiais dos EUA. O volume coloca o Brasil entre os 20 principais parceiros comerciais do país.
O Brasil também foi o primeiro país a receber a tarifa de 50% anunciada por Trump fora da lista inicial de alvos divulgada em abril, quando o presidente americano lançou o programa de “tarifas recíprocas” contra mais de cem nações.
Resposta sobre alianças comerciais
Questionado por jornalistas sobre uma possível articulação do Brasil com outros países, como México e China, para responder à escalada tarifária, Trump minimizou qualquer impacto:
— Eles podem fazer o que quiserem. Nenhum deles está indo muito bem. Estamos melhores do que eles. O que estamos fazendo, em termos econômicos, é acabar com todos eles, incluindo a China.
Impacto no câmbio
As falas de Trump tiveram reflexo imediato no mercado financeiro. O dólar comercial, que já operava em alta, acelerou os ganhos após as críticas ao Brasil, chegando a R$ 5,43 às 15h06, avanço de 0,57% e máxima do dia. Pouco depois, a moeda reduziu parte da valorização, cotada a R$ 5,418 às 15h26, ainda com alta de 0,34%.
( Com Bloomberg )