Levantamento mostra aumento de 30% no número de profissionais que prestam serviços via plataformas digitais; maioria é formada por homens jovens e informais.
Ocupação digital em alta
O número de trabalhadores que atuam por meio de plataformas digitais no Brasil aumentou em 2024. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PnadC) do IBGE, 1,7 milhão de pessoas estavam empregadas nesse tipo de serviço, o que representa 1,9% da população ocupada no setor privado. Em 2022, eram 1,3 milhão, equivalente a 1,5% do total.
A pesquisa, divulgada nesta sexta-feira, abrange profissionais de diferentes áreas — de motoristas e entregadores a médicos, diaristas e eletricistas — desde que o vínculo com o cliente ocorra por meio de plataformas digitais.
Perfil do trabalhador plataformizado
De acordo com o IBGE, a maioria dos trabalhadores de plataformas digitais é composta por homens (83,9%), com idade entre 25 e 39 anos (47,3%) e escolaridade intermediária. Mais da metade (59,3%) possui ensino médio completo ou superior incompleto, e cerca de 54% se declaram pretos ou pardos.
Transporte e entregas dominam o setor
Apesar do avanço dos serviços gerais — que passaram de 9,6% em 2022 para 17,8% em 2024 —, o transporte particular de passageiros continua sendo a principal categoria entre os trabalhadores de aplicativos, com 53,1% do total. Em seguida vêm os apps de entrega de comida e produtos (29,3%) e os de táxi (13,8%).
A categoria de entrega inclui tanto os entregadores quanto donos de restaurantes que utilizam aplicativos para vender refeições. Um mesmo profissional pode aparecer em mais de uma categoria, caso atue como motorista e entregador, por exemplo. O levantamento também abrange trabalhos on-line intermediados por plataformas, como serviços jurídicos, tradução, tecnologia da informação, teleconsultas e moderação de conteúdo.
Rendimento maior, mas hora trabalhada vale menos
O rendimento médio mensal dos trabalhadores de plataformas foi de R$ 2.996 em 2024, superior ao dos profissionais que não utilizam aplicativos (R$ 2.875). A diferença, no entanto, diminuiu: em 2022, os plataformizados ganhavam R$ 255 a mais; agora, a vantagem caiu para R$ 121.
O principal motivo é o aumento maior de renda entre os não plataformizados. Além disso, os trabalhadores de aplicativos atuaram, em média, 44,8 horas por semana — mais que as 39,3 horas dos demais. Assim, o ganho por hora foi inferior: R$ 15,40, ante R$ 16,80 dos outros grupos.
Predomínio da informalidade
A pesquisa aponta ainda que 71,1% dos trabalhadores de plataformas atuam na informalidade, e apenas 35,9% contribuem para a Previdência Social — um dado que reforça os desafios do setor em relação à proteção trabalhista e à segurança previdenciária.