Parlamentares bolsonaristas acusam STF de promover humilhação; petistas falam em vitória do Estado de Direito
A imposição do uso de tornozeleira eletrônica ao ex-presidente Jair Bolsonaro, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), gerou reações intensas e opostas entre aliados e adversários políticos. Enquanto apoiadores classificaram a medida como uma afronta, setores da oposição celebraram a decisão como avanço no processo de responsabilização do ex-mandatário.
A medida foi decretada no âmbito da operação da Polícia Federal que cumpriu mandados de busca e apreensão contra Bolsonaro e aliados, na investigação sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado.
Oposição enaltece decisão como resposta ao golpismo
O deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) foi um dos primeiros a comentar a decisão. Segundo ele, a medida cautelar de monitoramento eletrônico foi tomada após denúncia que ele próprio apresentou contra Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente.
“Ao denunciar a tentativa de Tarcísio de facilitar a fuga de Jair, reforçamos a urgência da medida cautelar de monitoramento eletrônico com tornozeleira. Com base nesses elementos, o ministro Alexandre de Moraes ampliou o escopo do inquérito para incluir Jair Bolsonaro e determinou as medidas cautelares. É uma vitória do Estado de Direito contra o golpismo transnacional”, publicou o parlamentar em rede social.
A deputada Maria do Rosário (PT-RS), opositora histórica de Bolsonaro, também se manifestou. Para ela, a operação reduz o risco de fuga do ex-presidente, acusado de diversos crimes.
“Não dá pra deixar esse criminoso fugir. Bolsonaro começa a ser responsabilizado por seus crimes contra o Brasil”, afirmou.
Já o deputado Jilmar Tatto (PT-SP), secretário nacional de Comunicação do partido, destacou a apreensão como um momento esperado.
“Não era sem tempo. Confesso que estava agoniado, com receio de ele [Bolsonaro] fugir do país, como o filho dele [Eduardo Bolsonaro] fugiu. Golpista tem que ir para a cadeia”, disse, agradecendo ao STF.
Família e aliados denunciam “perseguição”
Entre aliados do ex-presidente, a reação foi de indignação. Eduardo Bolsonaro, deputado federal pelo PL de São Paulo, disse que Moraes “redobrou a aposta” após virem à tona mensagens entre seu pai e o ex-presidente norte-americano Donald Trump. Ele também criticou as restrições impostas, que incluem a proibição de contato com investigados, uso de redes sociais e deslocamentos sem autorização judicial.
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), por sua vez, acusou o ministro do STF de ter motivações pessoais.
“A proposital humilhação deixará cicatrizes nele e no pai. Proibir o pai de falar com o próprio filho é o maior símbolo do ódio que tomou conta de Alexandre de Moraes”, escreveu.
PL critica operação e diz que Bolsonaro colabora com Justiça
O líder do Partido Liberal na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante, classificou a decisão como “lamentável”. A legenda também divulgou nota assinada por seu presidente, Valdemar Costa Neto, na qual manifesta “estranheza e repúdio” à ação da Polícia Federal e afirma que o ex-presidente “sempre esteve à disposição das autoridades”.
A operação da PF e o uso de tornozeleira eletrônica por Bolsonaro ocorrem no contexto do inquérito que apura articulações antidemocráticas e possível tentativa de golpe após o resultado das eleições de 2022. A investigação já atingiu assessores próximos, militares e integrantes do alto escalão do governo anterior.