O terremoto foi extremamente potente devido à sua baixa profundidade e foi sentido a uma distância de 1.000 km do epicentro, atingindo a capital da Tailândia, Bangcoc.
Mais de mil pessoas morreram em decorrência do terremoto de magnitude 7,7 que atingiu Mianmar na sexta-feira (29), segundo novo balanço oficial divulgado neste sábado pela junta militar que governa o país. O tremor, de baixa profundidade, teve epicentro na cidade de Sagaing e também foi sentido a cerca de mil quilômetros de distância, em Bangcoc, capital da Tailândia.
O impacto do abalo sísmico foi ampliado pela fragilidade das estruturas locais, intensificada por anos de conflito civil e por um sistema de saúde comprometido desde o golpe militar de 2021. De acordo com as autoridades birmanesas, 1.007 pessoas morreram e 2.389 ficaram feridas, principalmente na região de Mandalay, a segunda maior cidade do país.
Na mesma região, a Cruz Vermelha estima que mais de 90 pessoas estejam soterradas sob os escombros de um edifício residencial de 12 andares. Um pagode centenário também desmoronou. “O mosteiro também desabou. Um monge morreu”, relatou um soldado à agência AFP. “Nunca senti nada assim na minha vida”, completou, temendo novos tremores.
O aeroporto de Mandalay teve o teto parcialmente destruído e foi fechado, o que pode dificultar as operações de resgate. Parte dos atendimentos médicos foi transferida para o lado externo de hospitais danificados. O governo local declarou estado de emergência em seis regiões mais atingidas.
Junta militar pede ajuda internacional
Diante da catástrofe, o chefe da junta militar, general Min Aung Hlaing, pediu auxílio da comunidade internacional. “Qualquer país, qualquer organização” foi convidado a contribuir com os esforços de socorro, segundo comunicado oficial.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou que o país “ajudará” e classificou a tragédia como “terrível”. O líder chinês, Xi Jinping, também expressou “profunda tristeza” em mensagem enviada à junta.
Até o momento, a Índia enviou um avião com kits de higiene, alimentos e cobertores. A China anunciou o envio de 82 socorristas. Malásia, Coreia do Sul e a Organização Mundial da Saúde também manifestaram apoio.
Agências humanitárias alertam que Mianmar não está preparado para lidar com um desastre dessa proporção. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), 3,5 milhões de pessoas já haviam sido deslocadas pelo conflito armado, e cerca de 15 milhões correm risco de fome até 2025.
Tailândia também sofre com os tremores
Na vizinha Tailândia, o terremoto provocou a morte de pelo menos 12 pessoas em Bangcoc, conforme informou o governador Chadchart Sittipunt à AFP. A maioria das vítimas estava nas proximidades de um prédio de 30 andares em construção, que desabou completamente em segundos.
As autoridades tailandesas receberam mais de 2 mil relatos de danos estruturais. Cerca de 400 pessoas passaram a noite em parques públicos, temendo que suas residências não fossem seguras.
Relatos dramáticos se multiplicaram na capital: uma mulher deu à luz ao ar livre após ser retirada de um hospital, e um cirurgião precisou concluir uma operação na rua após evacuar uma sala cirúrgica às pressas.
