Impacto imediato do tarifaço pode ultrapassar R$ 25 bilhões no PIB
Estudo divulgado nesta terça-feira (5) pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) projeta perdas significativas para a economia brasileira diante da nova alíquota tarifária imposta pelos Estados Unidos. Com aplicação de taxas de importação de 50% sobre produtos nacionais — ainda que 694 itens tenham sido isentos —, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil pode encolher em R$ 25,8 bilhões nos próximos dois anos.
As estimativas indicam ainda que a medida pode intensificar o desemprego, ao reduzir o dinamismo do comércio exterior. A ociosidade de estoques e trabalhadores nos setores voltados à exportação tende a crescer, provocando uma desaceleração em diferentes segmentos da indústria.
Perdas permanentes ameaçam crescimento a longo prazo
No horizonte de cinco a dez anos, a FIEMG alerta para uma retração ainda mais aguda. Embora parte dos prejuízos possa ser mitigada por redirecionamentos ao mercado interno ou novos parceiros comerciais, o estudo pontua que a ruptura nos fluxos internacionais provocada pela política tarifária compromete de maneira estrutural o potencial de expansão da economia brasileira.
A projeção da entidade revela que, neste cenário prolongado, o PIB nacional poderá registrar perdas de R$ 110,4 bilhões. A renda das famílias seria reduzida em R$ 11,5 bilhões, e cerca de 618 mil empregos — formais e informais — poderiam desaparecer.
Siderurgia, agropecuária e manufatura entre os setores mais afetados
Entre os segmentos mais vulneráveis estão a siderurgia, a produção de madeira, calçados e equipamentos mecânicos. Já na agropecuária, o estudo destaca preocupações com a cadeia da carne bovina, fortemente dependente do mercado americano e excluída da lista de isenções.
Em 2024, o Brasil exportou US$ 40,4 bilhões aos EUA, o equivalente a 1,8% do PIB nacional. Desse total, US$ 22 bilhões — ou 55% — estão concentrados em produtos que serão integralmente tarifados, como combustíveis minerais, ferro e aço, além de máquinas e equipamentos.
Decreto de Trump amplia tarifas e menciona riscos à segurança nacional
Na quarta-feira (30), o presidente Donald Trump assinou uma Ordem Executiva que adiciona 40 pontos percentuais às tarifas previamente vigentes, elevando a carga total para 50% sobre as exportações brasileiras. De acordo com comunicado da Casa Branca, publicado em uma “ficha informativa”, a ação busca responder às “ameaças do Governo Brasileiro aos EUA”.
Segundo o documento, as novas taxas visam conter “políticas, práticas e ações recentes do governo brasileiro que constituem uma ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia dos EUA”.
“A Ordem declara uma nova emergência nacional usando a autoridade do Presidente sob a Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional de 1977 (IEEPA) e estabelece uma tarifa adicional de 40% para lidar com as políticas e ações incomuns e extraordinárias do Governo do Brasil que prejudicam empresas dos EUA, os direitos de liberdade de expressão de cidadãos dos EUA, a política externa dos EUA e a economia dos EUA”, afirma a Casa Branca.
Além disso, o governo norte-americano classificou como “graves violações dos direitos humanos” os episódios de “perseguição, intimidação, assédio, censura e processos politicamente motivados pelo Governo do Brasil contra o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro e milhares de seus apoiadores”, apontando que tais ações teriam comprometido o Estado de Direito no país.