Setor de Serviços Recua
Último crescimento foi em outubro (+1,1%), aponta IBGE.
O setor de serviços, que abrange atividades como telefonia, hotelaria, tecnologia da informação, restaurantes e salões de beleza, registrou uma leve retração de 0,2% em janeiro em relação a dezembro de 2024. Segundo especialistas, a variação é considerada uma estabilidade, visto que não representa uma queda expressiva. O principal fator que influenciou esse resultado foi o desempenho abaixo do esperado nas atividades ligadas ao transporte.
A Pesquisa Mensal de Serviços, divulgada nesta quinta-feira (13) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta que, na comparação com janeiro de 2024, o setor apresentou um avanço de 1,6%, marcando a décima alta consecutiva nesse indicador. Já no acumulado dos últimos 12 meses, o crescimento foi de 2,9%.
Variação mensal do setor de serviços:
- Janeiro 2025: -0,2%
- Dezembro 2024: 0%
- Novembro 2024: -0,9%
- Outubro 2024: +1,1%
Entre os cinco segmentos analisados pelo IBGE, três apresentaram desempenho negativo na comparação entre janeiro e dezembro:
- Serviços prestados às famílias: -2,4%
- Informação e comunicação: +2,3%
- Serviços profissionais, administrativos e complementares: -0,5%
- Transportes, armazenagem e correio: -1,8%
- Outros serviços: +2,3%
Rodrigo Lobo, gerente da pesquisa do IBGE, avaliou que o setor de serviços se mantém próximo da estabilidade.
“Após alcançar o ápice de sua série histórica em outubro de 2024, o setor de serviços apresentou duas taxas negativas e uma estabilidade nos últimos três meses. Nesse período, acumulou perda de 1,1%, que pode ser explicada pela alta margem de comparação”, analisou Lobo.
O pesquisador também destacou a desaceleração do setor, que, em dezembro, acumulava crescimento de 3,2% nos 12 meses anteriores. “Lembrando que opera perto de seu nível recorde”, pontuou.
Em relação ao desempenho por unidades da Federação, 17 dos 27 estados apresentaram queda no setor de serviços. O Distrito Federal teve a maior retração, com -8,7%, enquanto Santa Catarina obteve o melhor resultado, com alta de 3,4%.
Setor de transportes puxa retração
O segmento de transportes, armazenagem e correio registrou queda de 1,8% e foi o principal responsável pelo recuo do setor, devido à sua representatividade de 36,4% no total dos serviços analisados.
A retração ocorreu em diversos segmentos do transporte, incluindo o dutoviário, aéreo, ferroviário de cargas, rodoviário coletivo de passageiros e serviços postais. No transporte de passageiros, a queda foi expressiva, atingindo 7,6% entre dezembro e janeiro, considerando os dados dessazonalizados.
“A queda do transporte de passageiros foi pressionada tanto pelo transporte aéreo, fruto de uma maior base de comparação com dezembro de 2024 e de uma influência dos preços das passagens (alta de 10,42%), quanto pelo transporte rodoviário coletivo de passageiros”, explicou Lobo.
O transporte de cargas também apresentou variação negativa, com recuo de 0,7% no período.
Impacto no consumo das famílias
O segmento de serviços prestados às famílias teve queda de 2,4%, influenciado pelo impacto da inflação sobre os gastos não essenciais, como alimentação fora de casa.
A política monetária do Banco Central, com a manutenção da taxa básica de juros em níveis elevados para conter a inflação, também pode ter contribuído para essa retração, restringindo o consumo. “As famílias podem dar uma pisada no freio”, observou Lobo.
Em contrapartida, o setor de informação e comunicação avançou 2,3%, impulsionado pelo desempenho da área de tecnologia da informação, que cresceu 7,8%. Esse segmento inclui atividades como desenvolvimento de softwares, consultoria e portais de conteúdo.
Turismo registra maior queda desde 2021
As atividades ligadas ao turismo recuaram 6,4% em janeiro em relação a dezembro, representando a maior queda desde março de 2021, durante a segunda onda da pandemia de Covid-19, quando a retração chegou a 24,4%.
Apesar do recuo mensal, o setor ainda opera 7,2% acima do nível pré-pandemia, registrado em fevereiro de 2020. No entanto, está 6,4% abaixo do seu maior patamar histórico, alcançado em dezembro de 2024.
Na comparação com janeiro de 2024, as atividades turísticas apresentaram crescimento de 3,5%, enquanto no acumulado de 12 meses, a alta foi de 3,8%.
