Pedido para reverter restrições a processos de impeachment é visto como movimento político, mas ainda sem efeito significativo na disputa no Senado
Gesto de aproximação, mas sem impacto concreto
O movimento do advogado-geral da União, Jorge Messias, ao solicitar que o ministro do STF Gilmar Mendes reavaliasse a decisão que limita pedidos de impeachment contra integrantes da Corte foi interpretado por senadores como um gesto político, porém insuficiente para alterar o cenário de resistência à sua indicação ao Supremo Tribunal Federal.
Parlamentares ouvidos sob reserva afirmam que a iniciativa tem baixa capacidade de “virar votos” na disputa pelo aval do Senado. A indicação de Messias, feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a vaga deixada por Luís Roberto Barroso, em outubro, enfrenta entraves desde o início, especialmente pela preferência do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), por outro nome: o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que acabou preterido.
“É claro que soa também como um gesto, mas que eu acho que não altera muito dentro do cenário”, avaliou um líder partidário.
Resistência no Senado cresce com articulação da oposição
A dificuldade do governo em consolidar apoio encontra barreiras sobretudo na bancada oposicionista. Senadores contrários ao Planalto têm declarado abertamente que não pretendem apoiar o advogado-geral da União.
O presidente da Frente Parlamentar Evangélica, senador Carlos Viana (Podemos-MG), relatou ter sido procurado por Messias, que busca uma reunião com o grupo, mas admitiu que será complicado “mudar a decisão de voto dos senadores”.
Estratégia do governo inclui adiar sabatina
Diante do cenário desfavorável, o governo decidiu adiar o envio oficial da indicação ao Senado, medida que empurra a sabatina na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) para 2026. A postergação é vista como estratégia do Planalto para ganhar tempo e tentar consolidar apoios até o próximo ano.
O próprio Davi Alcolumbre já havia sinalizado que o processo poderia ficar para o ano seguinte, reforçando a percepção de que o governo trabalha para reduzir resistências antes de submeter Messias ao escrutínio público.
Caminho até o STF ainda é incerto
Para ser aprovado, Messias precisa alcançar 14 votos na CCJ, que conta com 27 membros, antes de seguir para o plenário, onde são exigidos 41 votos favoráveis. Inicialmente, a sabatina estava marcada para 10 de dezembro, mas foi adiada e ainda não há nova data definida.
Com o impasse prolongado e a pressão de diferentes frentes políticas, o futuro da indicação permanece indefinido, enquanto o governo tenta reconstruir pontes e ajustar sua articulação para reduzir resistências no Senado. (Com R7)



