Reunião do Copom nesta semana deve resultar na sexta elevação consecutiva da taxa básica, com projeção de alta de 0,5 ponto percentual.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúne nesta terça (6) e quarta-feira (7) para decidir a nova taxa básica de juros da economia brasileira. A expectativa predominante no mercado é de que o colegiado promova um novo aumento de 0,5 ponto percentual, levando a Selic para 14,75% ao ano.
Caso a previsão se confirme, o índice atingirá o nível mais alto desde julho de 2006. No último encontro, em março, o Copom havia elevado a Selic de 13,25% para 14,25% ao ano e indicou, em comunicado, a possibilidade de mais um reajuste, “de menor magnitude”.
Na ocasião, o comitê afirmou que o tamanho do ciclo de aperto monetário dependeria da evolução dos indicadores e reforçou seu “firme compromisso de convergência da inflação à meta”. Por isso, o novo comunicado do Copom é aguardado com atenção pelo mercado, que busca pistas sobre o encerramento ou continuidade do atual ciclo de altas.
“Acreditamos que o Copom elevará a taxa Selic em 0,5 ponto percentual na reunião de maio, deixando em aberto os próximos passos da política monetária. Discursos recentes de diretores do Banco Central apontam um tom mais cauteloso”, afirmou o C6 Bank em nota enviada a clientes.
Segundo os analistas da instituição, os dados disponíveis indicam poucas alterações no quadro inflacionário, apesar do aumento das incertezas no cenário externo. A prévia do índice oficial de inflação, o IPCA-15, registrou desaceleração em abril, com alta acumulada de 5,49% em 12 meses — ainda distante da meta do BC, de 3%.
O IPCA fechado de abril será divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na sexta-feira (9).
A equipe do C6 Bank estima que o ciclo de elevação da Selic continue até junho, com possível chegada da taxa aos 15% ao ano. “Não descartamos, no entanto, a possibilidade de a taxa ser menor, dadas as incertezas no cenário externo. Projetamos que a Selic se mantenha nesse patamar até o fim de 2026”, destacou o relatório.
Projeções do mercado
Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, avalia que o Copom pode adotar uma alta de até 0,75 ponto percentual nesta semana, embora uma elevação de 0,50 seja mais provável. “O Copom deve continuar com o ciclo de altas de juros, como sinalizado na reunião anterior. Em 2025, a taxa Selic deve encerrar o ciclo em 15,25% ao ano”, afirma.
Já o Itaú manteve, em seu relatório de revisão de cenário, a previsão de que a taxa alcançará 15,25% em junho e deverá ser mantida nesse nível até dezembro. “Esperamos duas altas de 0,50 ponto percentual, nas próximas duas reuniões, mas com menor convicção sobre a segunda – cuja implementação depende da evolução do cenário internacional e seu impacto sobre a taxa de câmbio e os preços de commodities”, escreveu a instituição.
Entenda a função da Selic
A Selic (Sistema Especial de Liquidação e de Custódia) é o principal instrumento de política monetária do Banco Central. Ao elevar os juros, a autoridade monetária busca conter a inflação, reduzindo o consumo e o crédito. Por outro lado, taxas mais altas tendem a desacelerar a atividade econômica.
A Selic influencia diretamente o custo do crédito no país. É com base nela que os bancos definem as taxas cobradas em financiamentos, empréstimos e outras operações. Além disso, a Selic serve como referência para a remuneração de aplicações em títulos públicos federais.
Histórico recente de aumentos
A atual trajetória de alta da Selic teve início em setembro do ano passado. Em novembro, a taxa subiu para 11,25% ao ano. Em dezembro, foi para 12,25%, após elevação de um ponto percentual. Em janeiro, novo aumento de um ponto levou o índice a 13,25%. A mais recente elevação, ocorrida em março, levou os juros a 14,25% ao ano.
Com mais uma alta nesta semana, o Brasil pode ver a taxa básica de juros atingir o maior patamar em 19 anos, em meio a um cenário inflacionário ainda desafiador e a um contexto global incerto.