Após tragédia que matou 260 pessoas, órgão regulador dos Estados Unidos afirma que os dispositivos não representam risco à segurança aérea
A Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA, na sigla em inglês) assegurou, na segunda-feira (14/7), que os interruptores de controle de combustível usados nos aviões da Boeing são seguros, mesmo após a vinculação de uma falha nos dispositivos ao trágico acidente envolvendo um voo da Air India que resultou na morte de 260 pessoas, em junho.
Investigação sobre o acidente da Air India
A preocupação com a segurança dos interruptores surgiu após a divulgação do relatório preliminar da investigação sobre o desastre, divulgado pela Agência de Investigação de Acidentes Aéreos da Índia (AAIB) na sexta-feira (11/7). De acordo com o documento, o fornecimento de combustível para os motores do Boeing 787-8 Dreamliner foi interrompido logo após a decolagem do aeroporto de Ahmedabad, na Índia. A falha nos interruptores de combustível foi identificada como um fator que dificultou a propulsão da aeronave, levando à queda do voo 171, que seguia para Londres.
Este incidente é um dos piores acidentes aéreos a ocorrer mundialmente em quase uma década.
O funcionamento dos interruptores de combustível
Os interruptores de controle de combustível têm a função de regular o fornecimento de combustível para os motores, sendo normalmente utilizados para ligar os motores antes da decolagem e para desligá-los após o pouso. Durante o voo, esses dispositivos geralmente não são manipulados. Quando movidos da posição “run” (ligar) para “cut-off” (desligar), a aeronave perde imediatamente potência, o que representa um risco considerável, especialmente logo após a decolagem, como foi o caso do voo da Air India. Tais manobras só devem ser realizadas em situações de emergência, como incêndios ou falhas nos motores.
Os interruptores são projetados para evitar movimentos acidentais, contando com um mecanismo de segurança específico, e estão localizados entre os dois pilotos e abaixo das alavancas de aceleração.
O alerta da FAA sobre a segurança dos interruptores
O relatório preliminar da investigação fez referência a um aviso emitido pela FAA em 2018, no qual o órgão sugeria que os operadores de aeronaves Boeing realizassem inspeções nos mecanismos de travamento dos interruptores de combustível para evitar que se movam acidentalmente. A Air India, no entanto, não adotou essa recomendação.
Apesar disso, a FAA afirmou que, com base nas investigações, não acredita que a falha nos interruptores represente um risco significativo à segurança aérea. Em um memorando interno, o órgão destacou que, embora o mecanismo de controle de combustível seja semelhante em diferentes modelos da Boeing, ele não justificaria uma diretiva de segurança para os aviões, incluindo o modelo 787.
O áudio da cabine e as investigações em andamento
Durante a análise das gravações de áudio da cabine de comando, a AAIB revelou que, logo após a decolagem, um piloto questionou o outro sobre a razão de ter cortado o combustível. O copiloto estava pilotando a aeronave na hora do acidente, enquanto o capitão supervisionava. As investigações continuam sem clareza sobre quem tomou a decisão de mover os interruptores para a posição “cut-off”.
Os investigadores também destacaram que a aeronave perdeu potência quase imediatamente após a decolagem, com o impacto ocorrendo em um bairro movimentado de Ahmedabad, apenas 40 segundos após a decolagem. O voo 171 caiu em uma área próxima ao aeroporto, colidindo com um prédio da faculdade de medicina. O acidente deixou 260 mortos, entre passageiros, tripulantes e pessoas no solo.
Expectativa por respostas definitivas
Os destroços da aeronave continuam sendo analisados, e as investigações, que incluem o exame das gravações da cabine, devem oferecer mais informações nos próximos 12 meses. O relatório preliminar de 15 páginas revelou aspectos iniciais do que ocorreu, mas os detalhes completos serão divulgados posteriormente.