Advogados e familiares relatam quadro de saúde fragilizado e recomendação médica para que ex-presidente acompanhe sessões de casa
O ex-presidente Jair Bolsonaro, réu na ação penal do STF (Supremo Tribunal Federal) que investiga uma suposta trama golpista, acompanhou de sua residência a primeira semana de seu julgamento. Relatos de advogados e familiares indicam que o político está com a saúde debilitada, sofrendo com crises de soluço e refluxo.
Bolsonaro está em prisão domiciliar desde 4 de agosto. Durante o primeiro dia do julgamento, ele assistiu às sessões ao lado dos filhos Jair Renan e Carlos Bolsonaro, enquanto sua esposa, Michelle Bolsonaro, estava na sede do PL (Partido Liberal) em Brasília.
No dia 16 de agosto, com autorização do ministro Alexandre de Moraes, o ex-mandatário foi a um hospital de Brasília para realizar exames. Um boletim médico divulgado na ocasião confirmou o quadro de refluxo e soluços persistentes. O documento detalhava que “os exames evidenciaram imagem residual de duas infecções pulmonares recentes possivelmente relacionadas a episódios de broncoaspiração. A endoscopia mostrou persistência da esofagite e da gastrite, agora menos intensa, porém com a necessidade de tratamento medicamentoso contínuo”.
Recomendação médica e relatos de familiares
Na última quarta-feira (3), o advogado Paulo Amador da Cunha Bueno, da equipe de defesa de Bolsonaro, confirmou que a saúde do ex-presidente está fragilizada e que a orientação médica é de que ele permaneça em casa. “O ex-presidente tem uma saúde extremamente fragilizada hoje. Eu estive com ele. Ele tem crises de soluço muito fortes, soluços até aflitivos. A orientação médica é de que, de fato, ele permaneça [em casa], porque é muito estressante aqui, tanto do ponto de vista físico, quanto emocional”, alegou o advogado.
O vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente, também usou as redes sociais para comentar a situação. Ele disse que o pai “não está bem” e depende de medicações. “Nesses últimos dias tenho acompanhado meu pai, que depende de medicações indispensáveis e extremamente controladas para cada hora e situação com a finalidade de tentar manter sua saúde. O velho não está bem, mas resiste, mesmo enfrentando soluços e refluxos constantes”. O vereador também pediu “humanidade”.
O vice-prefeito de São Paulo, Coronel Mello Araújo (PL), que visitou Bolsonaro, também relatou que o político estava abatido e mais magro.
Visitas e próximos passos do julgamento
Apesar dos relatos sobre a saúde do ex-presidente, a única visita autorizada por Alexandre de Moraes durante a semana foi a do deputado e ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL), que ocorreu na segunda-feira (1º). Na sexta-feira (5), Bolsonaro solicitou autorização para receber Bruno Scheid, vice-presidente do Partido Liberal em Rondônia.
De acordo com os advogados Celso Vilardi e Paulo Amador, o ex-presidente não deve comparecer presencialmente ao julgamento, que será retomado na próxima terça-feira (9). O processo pode ser dividido em até três etapas: sustentações orais, leitura dos votos e, em caso de condenação, a fixação das penas. A última sessão está prevista para a próxima sexta-feira (12), às 14h.



