O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, realiza, nesta terça-feira (15), uma série de reuniões com empresários do setor privado, como parte dos esforços do governo brasileiro para responder à decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros.
Encontros com diferentes setores da economia
Alckmin coordenará duas reuniões distintas: pela manhã, com lideranças industriais, e à tarde, com representantes do agronegócio. Apesar de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva estar envolvido nas articulações políticas, ele não participará diretamente desses encontros. A criação do comitê consultivo, que reúne membros do governo e do setor privado, visa fortalecer a coesão nacional diante da pressão das tarifas, um movimento estratégico do Palácio do Planalto para demonstrar que a questão é de interesse do Estado, e não apenas do governo atual.
A estratégia de coesão entre governo e empresários
A principal intenção do governo é mobilizar o setor produtivo e a sociedade civil, transformando a crise em um ativo político. Segundo Alckmin, as conversas com as cadeias produtivas nacionais serão acompanhadas de diálogos com empresas e entidades americanas, especialmente aquelas com ligação direta com a indústria brasileira.
“Vamos também agendar encontros com entidades e empresas dos Estados Unidos, pois há uma forte integração entre as cadeias produtivas”, afirmou Alckmin, em coletiva nesta segunda-feira (14). Interlocutores do Planalto revelaram que o presidente Lula deseja elaborar um diagnóstico conjunto com os empresários sobre os impactos econômicos das tarifas. Esse levantamento servirá como base para eventuais negociações com autoridades americanas, na tentativa de pressionar os Estados Unidos com argumentos técnicos e institucionais.
Setores afetados e a possível retaliação
O governo brasileiro pretende reunir empresários de todos os segmentos potencialmente afetados pelas tarifas, como produtores de carne, suco de laranja, café, além de setores industriais relacionados à tecnologia e à aviação. A Embraer, por exemplo, deverá fazer parte do comitê, dada a sua relevância para a economia nacional.
Caso as negociações não avancem de forma satisfatória, o governo poderá recorrer à Lei da Reciprocidade, que permite medidas de retaliação a decisões comerciais prejudiciais. O decreto que regulamenta essa legislação foi oficialmente divulgado no Diário Oficial nesta terça-feira, abrindo caminho para possíveis ações retaliatórias.
O cenário demonstra uma união entre o governo e os empresários na busca por soluções que protejam a economia brasileira frente à decisão unilateral de Trump, refletindo a importância estratégica dessa crise nas relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos.