Anúncio marca alinhamento de três potências ocidentais com mais de 140 países que já reconheceram a Palestina e pressiona Israel em meio à guerra em Gaza
Primeiros do G7 a oficializar a medida
O Reino Unido, o Canadá e a Austrália formalizaram neste domingo (21) o reconhecimento oficial do Estado palestino, movimento que amplia a pressão diplomática sobre Israel em meio à guerra na Faixa de Gaza e à expansão de assentamentos na Cisjordânia. O gesto de britânicos e canadenses tem peso simbólico, já que são os primeiros países do G7 a adotar a medida.
O Canadá foi o primeiro a anunciar, seguido pela Austrália. O Reino Unido oficializou em seguida, carregando o peso histórico de ter sido potência colonial no território que hoje compreende Israel e Palestina.
Declarações dos líderes
O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, afirmou que a decisão busca “reavivar a esperança de paz para palestinos e israelenses” e reforçou o compromisso com a solução de dois Estados. Ele já havia indicado em julho que avançaria com o reconhecimento caso Israel não atendesse condições como cessar-fogo em Gaza e suspensão da anexação de áreas da Cisjordânia.
O premiê australiano, Anthony Albanese, declarou que o país reconhece “as aspirações legítimas e históricas do povo palestino por um Estado próprio”.
Já o canadense Mark Carney adotou um tom mais crítico a Israel. Segundo ele, o governo de Benjamin Netanyahu “tem seguido uma política implacável de expansão de assentamentos ilegais na Cisjordânia, causou fome devastadora e promoveu ataques em Gaza que resultaram na morte de dezenas de milhares de civis”. Carney acrescentou que o reconhecimento do Estado palestino está em consonância com os princípios da Carta da ONU e da política externa canadense de longa data.
Expansão do movimento internacional
Portugal também anunciou neste domingo que formalizará o reconhecimento da Palestina. França e Bélgica devem seguir o mesmo caminho antes da abertura da Assembleia Geral da ONU. Andorra, Luxemburgo, Malta e San Marino estão entre os países europeus que também planejam aderir.
Atualmente, mais de 140 nações, incluindo o Brasil, já reconhecem oficialmente o Estado palestino.
Conflito e acusações de genocídio
O avanço das adesões ocorre em meio à intensificação da ofensiva israelense em Gaza, prestes a completar dois anos, com mais de 65 mil palestinos mortos, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza, ligado ao Hamas. A ONU publicou nesta semana relatório no qual acusa Israel de cometer genocídio contra palestinos.
O governo britânico também tem criticado planos israelenses de expandir assentamentos próximos a Jerusalém Oriental, em uma área conhecida como E1, considerada inviável para a existência de um futuro Estado palestino.
Repercussões e resistências
O anúncio britânico foi feito poucos dias após a visita do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que declarou discordar da posição de Keir Starmer. Washington e Berlim permanecem contrários ao reconhecimento.
Famílias de reféns israelenses ainda mantidos em Gaza também se manifestaram contra a decisão, afirmando que a medida enfraquece os esforços pela libertação.
Husam Zomlot, chefe da Missão Palestina em Londres, classificou a decisão britânica como “um passo irreversível em direção à justiça e à correção de erros históricos”.
Já o Ministério das Relações Exteriores de Israel criticou a decisão, chamando-a de “recompensa ao Hamas”. Segundo a chancelaria israelense, o reconhecimento é consequência direta dos ataques de 7 de outubro.
Mandy Damari, mãe de uma ex-refém britânica-israelense, disse que Starmer vive “uma ilusão de dois Estados” enquanto o Hamas continuar a governar Gaza.