Três reféns foram soltos na quinta troca por presos palestinos, durante a trégua entre Hamas e Israel; Fórum das Famílias compara imagens da liberação a cenas de campos de concentração
Os reféns Eli Sharabi, Or Levy e Ohad Ben Ami, capturados pelo Hamas em 7 de outubro de 2023, foram libertados neste sábado em Deir al-Balah, Gaza. Visivelmente magros e abatidos, dois deles chegaram em Israel com sérias complicações médicas, segundo o hospital que os atendeu. O Fórum das Famílias de Reféns israelenses criticou as “imagens chocantes” da libertação, destacando o esgotamento dos reféns forçados a falar por um soldado do Hamas.
As cenas evocam as libertações dos campos de concentração em 1945, ressaltando a urgência de resgatar todos os reféns de Gaza. A diretora do Hospital Sheba, Yael Frenkel Nir, relatou que Or Levy e Eli Sharabi apresentavam condições precárias após 491 dias de cativeiro.
Combatentes do Hamas escoltam os reféns israelenses Or Levy (segundo à esquerda) e Eli Sharabi (segundo à direita) em um palco antes de entregá-los a uma equipe da Cruz Vermelha em Deir el-Balah, em Gaza — Foto: Bashar TALEB / AFP
Familiares ficaram abalados ao ver as primeiras imagens dos reféns. Michal Cohen, primo de Ohad Ben Ami, descreveu sua condição como “muito mal”. Tal Levy, irmão de Or Levy, também ficou chocado ao ver as fotos da libertação. Eli Sharabi, que perdeu esposa e filhas no ataque ao kibutz Be’eri, também teve um irmão morto no cativeiro.
O ativista Einav Zangauker criticou o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, responsabilizando-o pela saúde dos reféns e questionando os adiamentos no cessar-fogo.
Na troca, Israel libertou 183 palestinos, incluindo 18 condenados à prisão perpétua e 54 com penas severas. O presidente israelense, Isaac Herzog, chamou o evento de “espetáculo cínico e cruel”, enquanto Netanyahu, em Washington, prometeu respostas às imagens divulgadas.
O cessar-fogo visa encerrar o conflito mais mortal entre Israel e Hamas, permitindo a entrada de ajuda humanitária e o retorno de palestinos às suas casas. Ao todo, 33 reféns israelenses devem ser libertados em troca de quase 2 mil prisioneiros palestinos. Segundo o Hamas, oito reféns foram mortos no ataque ou no cativeiro.
Neste sábado, o líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, encontrou-se com líderes do Hamas, elogiando sua resistência contra Israel e os EUA. O ataque do Hamas resultou em 1,2 mil mortos e 250 sequestrados, dos quais 157 foram resgatados na primeira trégua do conflito em novembro de 2023 ou em operações militares subsequentes. Israel acredita que um terço ou metade dos 90 reféns restantes estejam mortos.
A segunda fase do acordo ainda não foi negociada. O Hamas exige o fim da guerra para libertar os reféns restantes, enquanto Netanyahu mantém seu compromisso de destruir o grupo palestino e encerrar seu controle sobre Gaza. Após 15 meses de guerra, pelo menos 47 mil palestinos foram mortos e o território foi amplamente destruído.