Ex-presidente enfrenta resistência interna e externa enquanto busca minimizar danos de medidas cautelares e da pressão política, incluindo as repercussões da sobretaxa de Trump.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados estão enfrentando um cenário complexo de reação às medidas cautelares impostas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Com a imposição de tornozeleira eletrônica e restrições à divulgação de entrevistas, Bolsonaro se vê em uma situação delicada, ainda mais agravada pela resistência do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), em permitir a continuidade de atividades legislativas durante o recesso parlamentar.
Estratégia de contenção:
A defesa de Bolsonaro adotou uma postura de contenção de danos, afirmando nesta terça-feira (22) que o ex-presidente não descumpriu as medidas cautelares, pois não teve controle sobre a veiculação de suas declarações em redes sociais. Segundo seus advogados, ele não tem como controlar os conteúdos divulgados por terceiros. O ex-presidente comprometeu-se a não realizar novas manifestações até que o STF esclareça o que é permitido ou não em relação a suas declarações públicas.
Bastidores e articulações:
Nos bastidores, a articulação política não parou. Bolsonaro manteve contato com dirigentes partidários, buscando apoio para uma solução em relação à sobretaxa de 50% imposta por Donald Trump aos produtos brasileiros. O ex-presidente tentou vincular a imposição da tarifa à sua própria situação, sugerindo que se tratava de uma perseguição política. A partir desse contexto, a pressão sobre a economia brasileira se intensificou, com aliados de Bolsonaro se preocupando com os impactos econômicos dessa medida.
Resistência no Congresso:
Apesar de sua postura mais cautelosa nas redes sociais, Bolsonaro não interrompeu suas atividades políticas nos bastidores e passou o dia em sua sede do PL em Brasília. Aliados afirmam que o ex-presidente está em busca de soluções para reverter os impactos das medidas cautelares e das novas barreiras comerciais. No entanto, sua tentativa de realizar reuniões no Congresso, em comissões comandadas por seu partido, foi frustrada pela resistência de Hugo Motta, que determinou a suspensão das reuniões até o início de agosto, durante o recesso parlamentar.
Isolamento crescente:
A estratégia de forçar a retomada dos trabalhos legislativos foi vista com desconfiança, até mesmo entre os aliados de Bolsonaro. Deputados de partidos do centro criticaram a movimentação, percebendo-a como uma tentativa de radicalização que poderia afastar ainda mais os bolsonaristas de seus aliados na Casa. A aprovação de moções de apoio ao ex-presidente não se concretizou, e a anistia aos condenados pelos ataques de 8 de janeiro continua sendo a principal pauta dos bolsonaristas na Câmara.
Recuo e novas prioridades:
Apesar de tentativas de mobilizar apoio, a oposição à decisão de Motta não se materializou. Em vez disso, o foco se voltou para a tentativa de retomar a agenda legislativa com uma proposta de anistia. Durante esse período, o deputado Delegado Caveira (PL-PA) foi flagrado exibindo uma bandeira de Donald Trump, gerando desconforto entre os colegas que pediram a retirada do item. A proposta de anistia segue sendo a prioridade dos bolsonaristas, que também buscam emplacar a PEC que acaba com o foro especial, uma medida que visa criar um ambiente mais seguro para os parlamentares votarem sem pressões externas.
Movimentos paralelos:
Paralelamente, o PL também tem se articulado em outras frentes. Reuniões de comunicação e mobilizações de rua estão sendo planejadas, e os líderes do partido prometem apresentar um plano de ação nesta quarta-feira (23). Em resumo, a estratégia de Bolsonaro e seus aliados é de manter a pressão sobre o STF e o governo, mas com um cuidado redobrado para evitar o agravamento da situação política e judicial, enquanto lidam com as repercussões econômicas e o recesso parlamentar.