Pontífice morreu nesta segunda-feira (21), aos 88 anos. Conclave para escolha do sucessor deve começar em até 20 dias; entre os favoritos, há representantes da Europa, América, Ásia e África
Com a morte do papa Francisco, anunciada nesta segunda-feira (21), o Vaticano inicia os preparativos para a realização do conclave — reunião dos cardeais católicos com direito a voto para eleger o próximo líder da Igreja. A votação deve ocorrer entre 15 e 20 dias após o falecimento do pontífice.
Até a escolha do novo papa, a Igreja permanece sob a responsabilidade do Colégio dos Cardeais, que atua de forma interina, cuidando apenas de decisões administrativas e urgentes.
Atualmente, 135 cardeais com menos de 80 anos estão aptos a votar, incluindo sete brasileiros. A sucessão de Francisco será marcada por debates sobre o futuro da Igreja Católica diante de desafios como o avanço do secularismo, a crise de abusos sexuais, a inclusão de minorias e as tensões entre alas progressistas e conservadoras.
Confira abaixo os principais nomes cotados para suceder Francisco:
Jean-Marc Aveline, França (66 anos)

Arcebispo de Marselha, Aveline é frequentemente apelidado de “João XXIV”, em referência ao papa reformador João XXIII. Conhecido por seu estilo simples e sua postura acolhedora, tem forte proximidade ideológica com Francisco, principalmente em temas como migração e diálogo inter-religioso.
Nascido na Argélia, em família de imigrantes espanhóis, Aveline foi promovido por Francisco ao cardinalato em 2022, após ter organizado uma importante conferência sobre o Mediterrâneo. Caso eleito, seria o primeiro papa francês desde o século 14.
Peter Erdo, Hungria (72 anos)

Conservador em teologia, mas reconhecido por sua habilidade diplomática, Erdo é considerado um nome forte no leste europeu. Foi cotado no conclave de 2013 e é especialista em direito canônico. Em 2015, destoou do papa Francisco ao se opor ao acolhimento irrestrito de refugiados, em linha com o governo nacionalista de Viktor Orbán.
Mario Grech, Malta (68 anos)

Secretário-geral do Sínodo dos Bispos, Grech passou de conservador a defensor das reformas de Francisco. Tem se destacado como articulador da “Igreja sinodal”, conceito promovido pelo papa argentino. Sua trajetória ilustra uma abertura gradual ao diálogo com temas como diversidade familiar e inclusão LGBTQIA+.
Juan José Omella, Espanha (79 anos)

Arcebispo de Barcelona, Omella é reconhecido por seu compromisso com a justiça social e uma visão pastoral humanista. Com trajetória missionária no Congo e atuação junto a organizações sociais como a Manos Unidas, representa uma vertente próxima à de Francisco na Península Ibérica.
Pietro Parolin, Itália (70 anos)

Secretário de Estado do Vaticano desde 2013, Parolin é tido como o “primeiro-ministro” da Santa Sé. Diplomata experiente, liderou negociações com a China e o Vietnã. Embora conserve posições tradicionais, como a oposição ao casamento homoafetivo, é considerado pragmático e conciliador.
Luis Antonio Tagle, Filipinas (66 anos)

Apelidado de “Francisco asiático”, Tagle é um dos nomes mais populares entre os cardeais de perfil progressista. Ligado à ala missionária, com vasta experiência pastoral, representa o crescimento da Igreja na Ásia. Se eleito, seria o primeiro papa filipino e o primeiro pontífice da região.
Joseph Tobin, Estados Unidos (72 anos)

Arcebispo de Newark (Nova Jersey), Tobin é conhecido por sua postura acolhedora em relação à comunidade LGBTQIA+ e por sua atuação firme em escândalos de abusos nos EUA. Apesar da baixa probabilidade de um papa norte-americano ser eleito, Tobin é bem visto por cardeais reformistas.
Peter Turkson, Gana (76 anos)

Cardeal ganês com trajetória no Vaticano e forte atuação em temas como mudanças climáticas e justiça social. Foi chefe do extinto Pontifício Conselho Justiça e Paz e participou de debates no Fórum Econômico Mundial, em Davos. Seu nome representa o crescimento da Igreja na África Subsaariana.
Matteo Maria Zuppi, Itália (69 anos)

Arcebispo de Bolonha e presidente da Conferência Episcopal Italiana, Zuppi é comparado ao papa Francisco por seu estilo pastoral e foco nos pobres. Usa bicicleta como meio de transporte e atua em defesa dos migrantes. No entanto, sua atuação em relação a denúncias de abusos sexuais é criticada por entidades civis.
E o Brasil?
Entre os sete cardeais brasileiros eleitores, o nome mais proeminente é o do arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Scherer. Embora tenha influência no cenário nacional, seu nome não aparece entre os favoritos internacionais, mas pode exercer papel relevante nos bastidores do conclave.
Expectativa global
O conclave ocorrerá a portas fechadas na Capela Sistina, no Vaticano. Para ser eleito, o candidato precisa obter dois terços dos votos. A fumaça branca que sairá da chaminé da capela indicará ao mundo a escolha do novo papa.
Seja qual for o escolhido, ele herdará os desafios deixados por Francisco: uma Igreja em transformação, pressionada por demandas sociais, por tensões internas e pela necessidade de reconectar-se com os fiéis, especialmente nas regiões mais afetadas pelo avanço do secularismo.
(Fonte: Reuters)