Comando do cargo divide governo: PT quer manter controle, enquanto aliados apostam em MDB e PSD
Com a confirmação da saída de Alexandre Padilha do Ministério das Relações Institucionais para assumir a Saúde, PT e partidos do Centrão deram início a uma disputa pelo comando da articulação política do governo com o Congresso. A expectativa é que a definição sobre o substituto ocorra apenas no início de março, após o carnaval.
Partidos aliados ao Planalto consideram mais provável que um petista assuma o cargo, com destaque para o líder do governo na Câmara, José Guimarães, o líder no Senado, Jaques Wagner, e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann. No entanto, há também articulações em favor do líder do MDB na Câmara, Isnaldo Bulhões Jr. (AL), que conta com apoio de setores da base governista.
Integrantes do Centrão têm defendido junto ao governo a necessidade de reduzir a influência do PT nos postos estratégicos da articulação política. Atualmente, o partido já ocupa a Casa Civil e comanda as lideranças do governo na Câmara, no Senado e no Congresso.
Apesar disso, há um consenso de que o novo titular da pasta precisa ter alinhamento direto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para garantir credibilidade nas negociações e evitar desgastes internos. Esse fator reforça a vantagem do PT na disputa.
Mesmo dentro do Centrão, há um reconhecimento de que o cargo não é estratégico para fortalecimento político. A avaliação é de que o ministro das Relações Institucionais atua como um intermediador que frequentemente recebe críticas por impasses na articulação, mesmo quando as decisões cabem a outras instâncias do governo.
Preferência do atual ministro
Padilha, que pertence a uma ala distinta dentro do PT em relação a Gleisi e Guimarães, já manifestou a aliados sua inclinação por um nome de um partido aliado. Entre as opções que mencionou, estão o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos), e o líder do PSD na Câmara, Antonio Brito (BA).
A escolha de Costa Filho, porém, é considerada improvável. Dirigentes do Republicanos descartam essa possibilidade, argumentando que assumir a articulação política poderia prejudicar sua trajetória. Como exemplo, citam a experiência de Flávia Arruda, que ocupou a Secretaria de Governo na gestão Bolsonaro e enfrentou dificuldades eleitorais após deixar o cargo.
Apesar de descartar sua indicação, Costa Filho tem defendido que a função seja ocupada por um nome de fora do PT. Ele já sinalizou apoio a Brito e Isnaldo Bulhões, este último próximo ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), mas sem relação estreita com Lula.
Na semana passada, Padilha chegou a manifestar diretamente a Brito seu desejo de tê-lo como colega na Esplanada. Na ocasião, o líder do PSD ainda não havia sido informado sobre a mudança no Ministério da Saúde.
( Com O GLOBO )