Safra projeta alta de 16% frente ao ciclo anterior, impulsionada por soja e milho, segundo levantamento da Conab
A produção brasileira de grãos na safra 2024/25 deve alcançar 345,23 milhões de toneladas, segundo o 11º Levantamento da Safra de Grãos divulgado nesta quinta-feira (14) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O volume representa um novo recorde histórico, superando o resultado de 320,91 milhões de toneladas obtido em 2022/23 e registrando um crescimento de 16% — ou 47,7 milhões de toneladas — em relação à temporada anterior (2023/24).
O resultado também é 1,6% superior à estimativa divulgada no mês passado, o que equivale a 5,59 milhões de toneladas adicionais.
Área cultivada e produtividade em alta
De acordo com a Conab, o desempenho positivo se deve ao aumento da área plantada — que passou para 81,9 milhões de hectares, alta de 2,5% — e, principalmente, à recuperação da produtividade média nacional, que saltou de 3.722 quilos por hectare em 2023/24 para 4.214 quilos por hectare nesta safra.
O milho e a soja, juntos, devem responder por aproximadamente 43,4 milhões de toneladas adicionais no resultado total. O milho contribui com 21,5 milhões de toneladas a mais, enquanto a soja agrega cerca de 21,9 milhões.
Milho alcança maior produção da história
A colheita total de milho é estimada em 137,01 milhões de toneladas, a maior já registrada, representando aumento de 18,6% frente a 2023/24 (115,50 milhões de toneladas). Na segunda safra, que responde pela maior parte do volume, são esperados 109,57 milhões de toneladas, crescimento de 21,7% sobre o ciclo anterior.
Segundo o Progresso de Safra, a colheita da segunda safra de milho já atinge 83,7% da área plantada, próximo à média dos últimos anos (84,3%). Mato Grosso, principal produtor, deve colher 53,55 milhões de toneladas, o que representa 49% da produção nacional do milho de segunda safra.
Soja bate recorde com apoio do crédito e clima favorável
A produção de soja deve somar 169,66 milhões de toneladas, alta de 14,8% ante as 147,74 milhões de toneladas da safra 2023/24. A Conab aponta que os investimentos realizados pelos produtores, com apoio de crédito do Plano Safra, aliados às boas condições climáticas na maior parte do país, sustentam o resultado recorde.
Algodão, arroz e feijão: contrastes na produção
O algodão, outra cultura relevante de segunda safra, deve alcançar 3,93 milhões de toneladas de pluma, crescimento de 6,3% sobre 2023/24 (3,70 milhões). A alta se deve ao aumento de 7,3% na área plantada e ao bom rendimento das lavouras. A colheita, porém, segue em ritmo mais lento devido às chuvas e ao frio fora de época em junho e julho, que atrasaram a maturação das plantas.
O arroz também apresenta desempenho expressivo, com previsão de 12,32 milhões de toneladas, avanço de 16,5% frente à safra anterior, impulsionado por aumento de 8,8% na área e clima favorável, sobretudo no Rio Grande do Sul, principal produtor.
O feijão, por outro lado, deve registrar queda de 3,5%, totalizando 3,09 milhões de toneladas somando as três safras. Condições climáticas adversas no Paraná prejudicaram a qualidade e a produtividade, afetando tanto o segundo quanto o terceiro ciclos.
Trigo mantém estabilidade mesmo com redução de área
Entre as culturas de inverno, o destaque é o trigo. Apesar de uma redução de 16,7% na área plantada, para 2,55 milhões de hectares, a produção deve ficar próxima à estabilidade, em 7,81 milhões de toneladas, apenas 1% abaixo do resultado de 2024. O clima mais favorável até o momento contribui para manter a colheita em patamar semelhante ao do ano passado.