O Nobel de Economia destaca o sucesso do sistema de pagamentos brasileiro e aponta falhas na regulação de criptomoedas nos Estados Unidos
O Pix como modelo de inovação financeira
O economista Paul Krugman, vencedor do Nobel de Economia em 2008 e professor na Universidade da Cidade de Nova York, publicou um artigo nesta terça-feira (22/07) destacando o sistema brasileiro de pagamentos instantâneos, o Pix. Em seu texto, intitulado “O Brasil inventou o futuro do dinheiro?”, Krugman sugere que o Brasil pode estar à frente na inovação do setor financeiro, destacando a eficácia do Pix como modelo de pagamentos acessíveis e de baixo custo.
Críticas ao Genius Act e ao futuro das criptomoedas nos EUA
Krugman aproveita a ocasião para criticar o “Genius Act”, uma nova legislação aprovada nos Estados Unidos que trata da regulação das criptomoedas. Para o economista, a lei representa um risco para o futuro financeiro, abrindo portas para fraudes e crises econômicas. Além disso, os EUA barraram a criação de uma moeda digital do Banco Central (CBDC), uma medida que poderia ter permitido um sistema de pagamento mais eficiente e centralizado. Krugman destaca a falta de visão dos parlamentares republicanos, que, sob o pretexto de preservar a privacidade, rejeitam iniciativas que poderiam favorecer a criação de uma moeda digital pública.
O sucesso do Pix e suas implicações para a inclusão financeira
No artigo, Krugman elogia o Pix, que, segundo ele, representa um grande passo em direção à inclusão financeira no Brasil. Ele compara o sistema ao Zelle, utilizado nos Estados Unidos, mas ressalta que o Pix se destaca pela facilidade de uso e pela enorme adesão da população — 93% dos adultos brasileiros utilizam o sistema. Além disso, o economista ressalta a eficiência do sistema brasileiro, que apresenta custos de transação significativamente menores, algo que os defensores das criptomoedas, como o blockchain, falharam em proporcionar.
Criptomoedas nos EUA: uma realidade distante
Krugman faz uma comparação entre o uso do Pix no Brasil e o baixo índice de adoção de criptomoedas nos Estados Unidos, onde apenas 2% da população utilizou criptos para compras ou pagamentos em 2024. Ele também critica a violência associada a transações em criptomoedas, mencionando que, ao contrário de moedas digitais descentralizadas, o Pix não gera incentivos para crimes como sequestros relacionados à obtenção de chaves criptográficas.
O futuro do dinheiro: lições para o mundo
No entanto, Krugman conclui que, apesar do sucesso do Brasil, os Estados Unidos provavelmente não seguirão o exemplo brasileiro, dada a força da indústria financeira americana e a resistência dos republicanos à ideia de uma moeda digital pública. O economista acredita que outros países poderão aprender com o modelo do Pix, mas alerta que os EUA permanecerão focados em interesses privados e na busca por soluções baseadas em criptomoedas.
Críticas à política tarifária de Trump

Em um ponto adicional, Krugman também criticou o aumento das tarifas impostas pelo presidente Donald Trump contra o Brasil, classificando a medida como parte de um “programa de proteção a ditadores”. Segundo Krugman, a postura do governo americano reflete políticas “demoníacas e megalomaníacas”, sem base econômica sólida.
Krugman enfatiza que a visão inovadora do Brasil em relação ao sistema financeiro digital é um exemplo para o mundo. Enquanto os Estados Unidos, em sua opinião, continuam presos a um sistema antiquado e resistem a mudanças significativas, o Brasil caminha para um futuro financeiro mais inclusivo e acessível.