Apesar de obrigatório para aeronaves comerciais de grande porte nos EUA desde 1993, o sistema não evitou a tragédia.
A colisão entre um avião comercial da American Airlines e um helicóptero militar Black Hawk do Exército dos Estados Unidos, ocorrida na última quarta-feira (29) em Washington, levantou questionamentos sobre a eficácia do Sistema de Alerta de Tráfego e Prevenção de Colisões (TCAS, na sigla em inglês).
Como funciona o TCAS?
O TCAS opera por meio de transponders, que permitem a comunicação automática entre aeronaves dentro de um raio aproximado de 19 km. O sistema exibe a posição das aeronaves e emite alertas caso detecte risco de colisão iminente. Se a proximidade entre os aviões indicar uma possível colisão em 30 a 60 segundos, o sistema envia um primeiro aviso. Caso o risco persista e a colisão seja projetada para ocorrer em 15 a 30 segundos, um novo alerta é emitido, orientando manobras evasivas.
Desde a implementação obrigatória do TCAS, os EUA não haviam registrado uma colisão no ar entre duas aeronaves equipadas com o sistema e com transponders operantes. A informação foi fornecida ao The Washington Post por Wesley Olson, líder do grupo de transporte e resiliência do Lincoln Laboratory, no MIT.
Entretanto, acidentes fatais envolvendo aeronaves com TCAS já ocorreram em outras regiões. Em 2002, um cargueiro e um avião de passageiros russo colidiram na Alemanha, causando a morte de 71 pessoas. Investigações apontaram que um controlador de tráfego aéreo instruiu o avião russo a descer, enquanto o TCAS recomendava a subida, resultando na tragédia.
TCAS no acidente em Washington
Helicópteros militares, como o Black Hawk envolvido no acidente, geralmente não são equipados com TCAS. No entanto, possuem transponders que podem se comunicar com aeronaves que utilizam o sistema, como era o caso do avião da American Airlines.
Apesar disso, é improvável que o TCAS da aeronave comercial tenha alertado a tripulação sobre a presença do helicóptero. O sistema não emite alertas em baixas altitudes, geralmente abaixo de 500 pés, para evitar distrair os pilotos durante aproximações para pouso e decolagens. Segundo Olson, essa limição existe porque, nessas situações, os pilotos devem focar na navegação, enquanto o controle de tráfego aéreo gerencia a prevenção de conflitos.
Relembre o acidente
O acidente ocorreu quando o avião da American Airlines, transportando 60 passageiros e quatro tripulantes de Wichita (Kansas) para o Aeroporto Nacional Washington Reagan (DCA), colidiu com um helicóptero Black Hawk do Exército dos EUA sobre o rio Potomac. Os três soldados a bordo do helicóptero também faleceram.
Até o momento, 41 dos 67 corpos foram resgatados, de acordo com Vito Maggiolo, porta-voz do Departamento de Incêndio e Emergência de Washington. Entre as vítimas estavam os ex-campeões mundiais russos de patinação no gelo Yevgenia Shishkova e Vadim Naumov, que viajavam com uma equipe esportiva.
O helicóptero militar realizava um treinamento no momento da colisão. O Exército dos EUA confirmou o envolvimento da aeronave e afirmou estar colaborando com as investigações. Duas caixas-pretas do avião já foram recuperadas e serão analisadas pelo NTSB (Conselho Nacional de Segurança nos Transportes dos EUA), conforme informações divulgadas pelas emissoras CBS News e ABC News. Ainda não há detalhes sobre a recuperação da caixa-preta do helicóptero.
(As informações são do Washington Post).