O anúncio de uma possível pré-candidatura do cantor sertanejo Gusttavo Lima à Presidência da República em 2026 provocou reações divididas entre políticos de direita.
Enquanto alguns aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) consideram a ideia inadequada, outros enxergam no artista uma alternativa viável diante da inelegibilidade do ex-mandatário.
O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) foi um dos primeiros a se manifestar sobre o assunto. Em vídeo divulgado nesta quinta-feira (2), o parlamentar comentou a notícia com tom descontraído, sugerindo que o cantor poderia ser uma opção caso Bolsonaro permaneça fora da disputa eleitoral. “Que cachaça é essa que o Gusttavo Lima tomou que agora ele quer virar presidente?”, disse Ferreira. Apesar da brincadeira, ele elogiou a coragem do sertanejo, mencionando um cenário hipotético: “Imagina no dia da posse? Embaixador chegou. Se colocar o Leonardo de vice, acabou.”
O senador Cleitinho Azevedo (Republicanos-MG) também utilizou as redes sociais para manifestar apoio a Gusttavo Lima. O parlamentar afirmou que o país precisa de candidatos sem histórico político e destacou a trajetória do cantor. “Parabéns, Gusttavo Lima. Quem dera se mais pessoas como você, que não é bandido, que não é ladrão, que nunca precisou de político para viver, entrasse na política. Então, se você quiser vir candidato a presidente, a governador, a senador ou a deputado federal, você tem o meu apoio”, declarou.
Já o senador Alessandro Vieira (MDB-SE) defendeu o direito de Gusttavo Lima em se candidatar e apontou que a iniciativa do cantor reflete a crise de representatividade política no país. “Erra quem menospreza a fala do Gusttavo Lima sobre uma candidatura presidencial. Erra por não entender que na democracia qualquer um pode ser candidato, mas principalmente por não perceber a carência de representação política que aflige do cidadão comum ao sertanejo milionário”, afirmou Vieira no X, anteriormente conhecido como Twitter.
Por outro lado, parlamentares próximos de Bolsonaro adotaram uma postura mais crítica. Os deputados Capitão Alberto Neto (PL-AM) e José Medeiros (PL-MT) sugeriram que o cantor deveria atuar como “embaixador”, em referência ao título popular pelo qual é conhecido no meio musical, em vez de concorrer à Presidência.
Movimentações políticas de Gusttavo Lima
Embora ainda não esteja filiado a um partido, Gusttavo Lima revelou ao portal Metrópoles que tem buscado diálogo com grupos políticos alinhados a seus objetivos. Durante as eleições presidenciais de 2022, ele foi um dos principais apoiadores de Jair Bolsonaro, participando de eventos ao lado do então presidente e outros artistas sertanejos, como Zezé Di Camargo e Chitãozinho.
Nos últimos anos, o cantor enfrentou investigações sobre contratos milionários firmados com prefeituras e acusações relacionadas à lavagem de dinheiro por meio de apostas online. Em setembro de 2024, uma ordem de prisão preventiva foi emitida, mas posteriormente revogada. Em outubro, o Ministério Público de Pernambuco declarou que não encontrou provas que confirmassem irregularidades nas operações financeiras do artista.
Contexto político e representatividade
A possível candidatura de Gusttavo Lima reflete um movimento de figuras públicas fora do cenário político tradicional que buscam espaço no pleito eleitoral. A discussão sobre a falta de representatividade política segue como um tema central, especialmente em momentos de transição e crise de confiança nas lideranças tradicionais.
Da Redação/Clicknews