Suspeito de liderar esquema foi detido no Rio Grande do Sul; operação envolveu forças de segurança de quatro estados.
A Polícia Civil do Rio de Janeiro informou neste domingo (4) que desarticulou um plano de ataque com explosivos improvisados durante o show da cantora Lady Gaga, realizado no sábado (3), em Copacabana. O evento, que reuniu mais de 2 milhões de pessoas na orla da zona sul carioca, foi palco de uma operação interestadual que resultou na prisão de um homem no Rio Grande do Sul, apontado como líder do grupo investigado.
Segundo nota oficial da corporação, a ação contou com apoio do Ministério da Justiça e Segurança Pública e envolveu diversas delegacias especializadas, inclusive de fora do estado fluminense. O alvo da operação foi uma quadrilha que atuava em ambiente virtual, cooptando indivíduos — inclusive adolescentes — para a prática de crimes violentos e transmissões ao vivo desses atos.
Ainda de acordo com as autoridades, o grupo fazia apologia ao ódio e planejava ataques contra crianças, adolescentes e membros da comunidade LGBTQIA+. Um dos investigados, detido em flagrante por porte ilegal de arma de fogo no sul do país, teve a identidade preservada. No Rio de Janeiro, um adolescente foi apreendido por armazenar material de pornografia infantil.
Investigação e alvos da operação
As investigações apontam que os suspeitos utilizavam redes sociais para radicalizar jovens e incentivá-los à violência como forma de integração a comunidades virtuais extremistas. A Subsecretaria de Inteligência da Polícia Civil foi a responsável por identificar os riscos e acionar as unidades operacionais.
Segundo os investigadores, os crimes planejados incluíam a utilização de explosivos caseiros e coquetéis molotov. A dinâmica era tratada entre os membros como uma espécie de “desafio coletivo”, cuja meta seria obter visibilidade nas plataformas digitais.
Batizada de Fake Monster — em alusão ao nome com que Lady Gaga costuma se referir aos seus fãs, little monsters —, a operação também mirou um suspeito em Macaé, no norte fluminense, acusado de planejar ataques e ameaçar matar uma criança ao vivo. Ele responderá por terrorismo e incitação ao crime.
Ação em quatro estados
A operação mobilizou equipes da Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (Dcav), da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI), da 19ª DP, além do Ciberlab, laboratório do Ministério da Justiça especializado em crimes cibernéticos. A Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) também participou das ações.
Ao todo, foram cumpridos 15 mandados de busca e apreensão em endereços nos municípios de Rio de Janeiro, Niterói, Duque de Caxias e Macaé (RJ); Cotia, São Vicente e Vargem Grande Paulista (SP); São Sebastião do Caí (RS); e Campo Novo do Parecis (MT). Materiais eletrônicos e outros objetos foram recolhidos para perícia.
As autoridades destacaram que a operação foi conduzida de forma a não comprometer a segurança do público presente no show, evitando a propagação de pânico e a distorção de informações.
Prisões por roubo de celulares
Paralelamente à ação antiterrorismo, a Polícia Civil prendeu, no sábado, 16 suspeitos de integrar a maior quadrilha de roubo, furto e receptação de celulares do estado. O grupo foi surpreendido ao se preparar para receber os aparelhos subtraídos durante o show de Lady Gaga.
Entre os presos, quatro são apontados como líderes da organização, responsável também pela revenda e distribuição dos equipamentos em canais paralelos. A quadrilha, segundo os investigadores, operava com suporte de softwares e ferramentas avançadas para desbloqueio de dispositivos móveis, além de comercializar cursos sobre o tema.
Cerca de 200 telefones celulares foram recuperados, além de seis notebooks, máquinas de cartão e peças eletrônicas utilizadas para adulteração dos aparelhos.