Encontro ocorre após reconhecimento de Estado palestino por aliados dos EUA e enquanto ofensiva israelense segue na Faixa de Gaza
Diplomacia sob pressão
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recebe nesta segunda-feira (29/09) o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, na Casa Branca, em Washington. A pauta central do encontro é a apresentação de um plano de paz elaborado pelos EUA para a Faixa de Gaza, com o objetivo de encerrar a guerra e garantir a libertação de reféns israelenses ainda mantidos pelo Hamas.
O encontro acontece poucos dias após o reconhecimento do Estado palestino por países como Reino Unido e França, membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, mesmo diante da resistência de Washington e Tel Aviv. Trump criticou essas medidas, qualificando-as como um “prêmio” ao grupo radical palestino.
Esperança e frustração
Em entrevista à agência Reuters no domingo, Trump afirmou que busca o aval de Netanyahu para um plano abrangente que encerre o conflito em Gaza. O presidente americano demonstrou crescente insatisfação com o premiê israelense, especialmente após um ataque de Israel a negociadores do Hamas em Doha, no Catar, país que abriga a maior base militar dos EUA no Oriente Médio e é considerado parceiro estratégico na região.
Na sexta-feira, Trump disse acreditar que um acordo é possível, após apresentar seu plano de paz a líderes árabes e ao próprio Netanyahu. “Será um acordo que trará de volta os reféns. Será um acordo que acabará com a guerra”, disse o presidente. No domingo, ele reiterou em publicação na rede social Truth Social que há “uma oportunidade real de alcançar algo grande no Oriente Médio” e que “todos estão prontos para algo especial, algo inédito”.
Objeções de Israel
Apesar do otimismo de Trump, Netanyahu tem mantido uma postura firme. Em discurso na Assembleia Geral da ONU, na última sexta-feira, o premiê prometeu “terminar o trabalho” contra o Hamas e bloquear a criação de um Estado palestino, reforçando que Israel “não cederá” às pressões internacionais.
Até o momento, nem Netanyahu nem o Hamas deram sinal de concordância com o plano, que possui 21 pontos. Um esboço completo foi publicado pelo The Times of Israel no sábado, e trechos do documento foram divulgados no domingo pelo The Washington Post, com pequenas diferenças na redação.
Autoridades da região, sob condição de anonimato, ressaltam que “nada está finalizado… são apenas linhas gerais” e que questões importantes ainda precisam ser resolvidas. Entre as preocupações israelenses estão a presença de forças de segurança palestinas após o conflito, a expulsão de autoridades do Hamas e a definição de responsabilidades de segurança em Gaza.
Conteúdo do plano
O plano propõe um cessar-fogo imediato, condicionado à aceitação de Hamas e Israel, e prevê a libertação dos reféns restantes em troca de centenas de prisioneiros palestinos. A proposta também inclui a retirada das tropas israelenses da Faixa de Gaza. Até agora, das 48 pessoas mantidas pelo Hamas, 26 foram declaradas mortas pelas forças israelenses.
A administração da região não incluiria o Hamas, nem haveria anexação por Israel. A governança ficaria a cargo de um governo de transição, supervisionado por um organismo internacional sugerido pelos EUA, com possível participação do ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair e apoio de países do Golfo e da ONU. Eventualmente, a administração seria transferida a uma Autoridade Palestina reformada.
O plano ainda determina que Gaza deve se tornar uma área livre de terrorismo, sem ameaças à região, e que os moradores poderão permanecer na faixa ou se deslocar temporariamente, sem obrigação de deixar seus lares.
Pressão de familiares e próximos passos
Em carta a Trump, familiares de reféns israelenses expressaram apoio ao plano e pediram que o presidente se mantenha firme no compromisso de encerrar a guerra ao receber Netanyahu. Enquanto isso, Israel prossegue com sua ofensiva na Cidade de Gaza, buscando eliminar a presença do Hamas no enclave.