Deputados de partido de direita reacendem debate sobre racismo ao reproduzir gesto ofensivo contra asiáticos nas redes sociais
Dois deputados do Parlamento da Finlândia tornaram-se alvo de críticas e questionamentos públicos após divulgarem, em redes sociais, fotos e vídeos nos quais reproduzem o gesto de “puxar os olhos”, amplamente reconhecido como ofensivo e discriminatório contra pessoas de origem asiática. O episódio reacendeu o debate sobre racismo no país e levou o governo a avaliar a adoção de possíveis medidas disciplinares.
Segundo um porta-voz do gabinete do primeiro-ministro, representantes dos partidos que integram a coligação governamental já se reuniram para discutir eventuais sanções. Os parlamentares envolvidos pertencem ao Partido dos Finlandeses, legenda de direita conhecida por seu discurso crítico à imigração.

Episódio ocorre após punição de miss Finlândia
A controvérsia surge poucos dias depois de a miss Finlândia, Sarah Dzafce, ter perdido o título, em 11 de dezembro, após publicar uma imagem em que fazia o mesmo gesto. A foto foi divulgada em uma rede social acompanhada da legenda “jantando com uma pessoa chinesa”, o que gerou forte reação negativa, sobretudo entre usuários de origem asiática.

Deputado diz que punição foi excessiva
Um dos parlamentares, Juho Eerola, afirmou ao jornal japonês The Asahi Shimbun, em entrevista publicada em 15 de dezembro, que sua intenção ao publicar a imagem era defender a ex-miss. Segundo ele, a penalidade aplicada foi desproporcional. “Lamento profundamente que minha foto tenha ofendido pessoas asiáticas”, disse. “Estou preparado para me desculpar quantas vezes forem necessárias.”
Governo reforça posição contra o racismo
A reação do Executivo foi imediata. Em resposta à reportagem do Asahi Shimbun, a porta-voz do gabinete do primeiro-ministro, Anne Sjoeholm, declarou que o país trata o racismo com seriedade e mantém compromisso permanente no combate a esse tipo de discriminação. “Não há lugar para o racismo na Finlândia. Os políticos têm a responsabilidade de servir de exemplo a este respeito”, afirmou, ao mencionar um plano de ação adotado pelo governo.
O primeiro-ministro Petteri Orpo, líder do Partido da Coligação Nacional, de centro-direita, também se pronunciou. Em entrevista à rádio estatal, em 14 de dezembro, classificou as atitudes como “infantis”.
Mobilização da sociedade civil e reação diplomática
A repercussão ultrapassou o meio político. Um cidadão japonês residente na Finlândia lançou uma petição online em protesto contra o gesto e solicitou a abertura de uma investigação sobre discriminação antiasiática, além da adoção de medidas para melhorar a situação no país. Até a noite de quinta-feira (18), a iniciativa já havia reunido mais de 9.000 assinaturas.
A Embaixada da Finlândia no Japão também se manifestou. Em publicação nas redes sociais, a representação diplomática afirmou que são necessários “esforços contínuos e determinados” para combater o racismo e ressaltou a importância de trazer relatos e experiências de discriminação para o debate público.


