Nutrientes presentes no ovo podem contribuir para a proteção cognitiva, mas relação direta ainda é incerta
Estudos recentes têm despertado atenção para o papel dos ovos na prevenção de doenças neurodegenerativas, especialmente o Alzheimer. Pesquisadores apontam que o consumo regular — sobretudo na forma cozida — pode estar vinculado a uma menor incidência da doença. No entanto, especialistas reforçam que as evidências disponíveis são predominantemente observacionais e não permitem afirmar causalidade direta.
Por que os ovos entraram no radar da ciência
A composição nutricional dos ovos é rica em elementos que favorecem a saúde cerebral. A colina, por exemplo, é essencial para a produção de acetilcolina, neurotransmissor ligado à memória e ao aprendizado — funções diretamente afetadas pelo Alzheimer. Já a luteína e o DHA (ácido graxo ômega-3) atuam como antioxidantes e anti-inflamatórios, combatendo processos que aceleram o envelhecimento cerebral.
Apesar disso, os pesquisadores alertam: “associação não significa comprovação”. A maioria dos estudos compara hábitos alimentares ao longo dos anos, o que permite observar tendências, mas não garante que os ovos sejam a causa direta da redução de risco.
O que revelam os principais estudos
- Rush Project (EUA): acompanhamento de idosos mostrou até 47% menos risco de Alzheimer entre os que consumiam mais de um ovo por semana. O efeito foi mais evidente em pessoas com baixa ingestão de colina.
- Estudo chinês: indivíduos que comiam ovos diariamente apresentaram menor risco de demência, enquanto o consumo esporádico foi associado a maior declínio cognitivo.
- Corte EPIC (Europa): a proteção foi observada apenas em dietas pouco mediterrâneas. Em regimes ricos em frutas, vegetais e azeite, o impacto dos ovos desapareceu, sugerindo que o contexto alimentar é determinante.
Limites e precauções: o que ainda falta comprovar
Embora os resultados sejam promissores, os especialistas destacam que quase todos os estudos são observacionais. Isso significa que detectam padrões, mas não provam que comer ovos previne Alzheimer. Fatores como estilo de vida, genética e qualidade geral da dieta também influenciam os resultados.
Outro ponto importante: não há evidência de que o consumo excessivo traga benefícios adicionais. Estudos indicam vantagens com ingestão moderada — entre 1 e 6 ovos por semana. Acima disso, não há comprovação de proteção extra, e exageros podem prejudicar outros aspectos da saúde.
Além disso, o modo de preparo pode influenciar. Embora não existam comparativos conclusivos, ovos cozidos são considerados uma opção mais estável, pois preservam nutrientes sem adicionar gorduras oxidadas, como ocorre em frituras — inimigas da saúde cerebral.



