O Brasil deve enfrentar uma nova onda de calor neste fim de semana, especialmente na região Sul, de acordo com previsões do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
Caso se confirme, será o terceiro episódio do tipo registrado apenas neste ano. Estudos indicam que, entre 2014 e 2023, essas ondas extremas de calor causaram prejuízos estimados em R$ 170 milhões, afetando tanto o setor público quanto o privado, conforme dados do Atlas Digital, vinculado ao Ministério do Desenvolvimento Regional.
Além do centro-oeste do Rio Grande do Sul, as temperaturas elevadas podem impactar o oeste e sul de São Paulo, além do sudoeste de Mato Grosso do Sul. Em 2024, o primeiro evento ocorreu entre 17 e 23 de janeiro, enquanto o segundo foi registrado entre 2 e 12 de fevereiro, ambos no território gaúcho.
Apesar do intenso calor registrado nas últimas semanas em estados como Rio de Janeiro e São Paulo, o Inmet não classificou os episódios como ondas de calor, pois as altas temperaturas ocorreram de forma pontual e não generalizada.
Critérios para definir uma onda de calor
Segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM), uma onda de calor é caracterizada quando as temperaturas máximas diárias ultrapassam em pelo menos 5°C a média mensal durante, no mínimo, cinco dias consecutivos. “Além disso, essas condições devem abranger uma área ampla, e não ser pontuais como tem ocorrido nos últimos dias”, destacou o Inmet em nota.
Setores mais afetados
O levantamento do Atlas Digital aponta que o setor privado foi o mais impactado financeiramente, registrando perdas de R$ 169 milhões, com destaque para o agronegócio. Já o setor público teve prejuízo de R$ 149 mil. Além dos danos econômicos, ao menos 13,43 mil pessoas foram afetadas pelo fenômeno na última década, uma média de 1,3 mil por ano.
Impacto na saúde e aumento da mortalidade
Estudo conduzido pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Universidade de Lisboa revelou que, entre 2000 e 2018, as ondas de calor foram responsáveis por cerca de 48 mil mortes no Brasil. Esse número supera em mais de 20 vezes as fatalidades causadas por deslizamentos de terra no mesmo período. A pesquisa analisou as 14 regiões metropolitanas mais populosas do país, incluindo Manaus, Belém, Fortaleza, Salvador, Recife, São Paulo e Rio de Janeiro.
Recomendações para enfrentar o calor
- Mantenha-se hidratado, ingerindo bastante líquido;
- Evite atividades físicas durante os períodos mais quentes e secos do dia;
- Minimize a exposição ao sol nos horários de pico de temperatura;
- Utilize hidratantes para a pele e mantenha o ambiente umidificado;
- Evite o consumo excessivo de bebidas diuréticas, como café e álcool;
- Em caso de necessidade, entre em contato com a Defesa Civil (telefone 199) ou o Corpo de Bombeiros (telefone 193).
Aumento das ondas de calor no Brasil
Desde 2023, o Brasil registrou 20 episódios de ondas de calor, com temperaturas que chegaram a 44,8°C. Em cada um dos últimos dois anos, o país contabilizou nove ocorrências desse fenômeno.
Um estudo do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) aponta um aumento gradual na frequência dessas ondas ao longo das últimas seis décadas. Entre 1961 e 1990, o número médio de dias com ondas de calor não ultrapassava sete. Esse índice subiu para 20 dias entre 1991 e 2000, alcançou 40 dias no período de 2001 a 2010 e chegou a 52 dias entre 2011 e 2020.
Além disso, dados do Inmet indicam um aumento na temperatura média do Brasil desde 2021. Confira a evolução:
- 2020: 24,4°C
- 2021: 24,3°C
- 2022: 24,1°C
- 2023: 24,9°C
- 2024: 25°C
O avanço contínuo das temperaturas e a crescente incidência de ondas de calor reforçam a necessidade de políticas públicas e estratégias de adaptação para minimizar os impactos desses eventos extremos no país.