A privação de sono, além de causar cansaço e alterações de humor em curto prazo, pode levar ao desenvolvimento de problemas mais graves, como doenças cardiovasculares, déficits cognitivos e aumento do risco de enfermidades crônicas ao longo do tempo.
Embora recuperar uma noite mal dormida pareça simples, a privação contínua de sono traz impactos significativos à saúde. Sensações de fadiga e instabilidade emocional, que podem surgir após uma única noite de sono insuficiente, tornam-se frequentes e são apenas o início de possíveis complicações.
De acordo com o Instituto do Sono, a falta de descanso adequado pode evoluir para problemas crônicos, incluindo doenças cardiovasculares e distúrbios cognitivos.
Quantas horas de sono são necessárias?
Embora o ideal de sono seja amplamente associado a oito horas por noite, especialistas alertam que essa necessidade varia de acordo com fatores individuais e etários.
“O adulto dorme entre 7 e 9 horas. Ainda é normal que durma ou 6 ou 10 horas. Não existe um número chave, mas existe uma média para cada faixa etária para recuperar energia, capacidade de resolução de problemas, de viver um dia disposto”, explica Sandra Doria, médica otorrinolaringologista e pesquisadora em Medicina do Sono no Instituto do Sono.
Segundo a National Sleep Foundation, um bebê precisa de pelo menos 12 horas de sono, enquanto idosos geralmente necessitam de cerca de 7 horas por noite. Além disso, fatores individuais influenciam essa demanda, e a qualidade do sono desempenha papel crucial. Dormir muitas horas sem sentir-se restaurado pode indicar problemas no descanso.
“Quando eu durmo mal, meu corpo começa a quebrar o equilíbrio interno. Ele começa a falhar, a atenção não é a mesma, a memória é prejudicada”, comenta Monica Andersen, professora de medicina e biologia na Unifesp.
Efeitos da privação de sono
A falta de sono pode ser dividida em dois tipos:
- Déficit agudo: caracterizado por uma curta duração, de um ou dois dias;
- Déficit crônico: também chamado de síndrome do sono insuficiente, que persiste por três meses ou mais e tem consequências mais graves.
“O déficit agudo pode levar a sonolência no dia seguinte, redução dos reflexos psicomotores e maior impulsividade, inclusive com a alimentação”, esclarece Alan Luiz Eckeli, professor de neurologia e medicina do sono na FMRP-USP.
Já o déficit crônico está relacionado a impactos mais profundos. “Ele afeta a saúde mental, como depressão e ansiedade, prejudica funções cognitivas, como memória, e aumenta os riscos de doenças crônicas, além de dificultar o controle de condições pré-existentes”, afirma o especialista.
Entre as principais consequências do sono insuficiente estão:
- Problemas cardiovasculares: alterações no ritmo biológico afetam a frequência cardíaca e a pressão arterial, aumentando o risco de infarto e AVC.
- Doenças crônicas: privação de sono está associada a diabetes tipo 2, obesidade e hipertensão.
- Problemas ósseos: a falta de sono pode prejudicar a produção de hormônios responsáveis pela saúde óssea, como os relacionados à osteoporose.
- Imunidade reduzida: dormir menos de 6 horas afeta a recuperação do sistema imunológico, aumentando a suscetibilidade a infecções.
- Prejuízos cognitivos e mentais: falta de sono contribui para quadros de depressão, ansiedade e até para o desenvolvimento de doenças como Alzheimer.
Como melhorar a qualidade do sono?
Além de dormir por tempo adequado, é fundamental garantir que o descanso seja realmente reparador. Confira algumas dicas:
- Mantenha uma rotina: deite-se e levante-se no mesmo horário diariamente, inclusive nos fins de semana.
- Relaxe antes de dormir: atividades como leitura, meditação ou um banho morno podem ajudar.
- Evite luz intensa e ruídos: um ambiente escuro e silencioso favorece a produção de melatonina, hormônio essencial para o sono.
- Alimente-se de forma leve: refeições pesadas antes de dormir devem ser evitadas.
- Desconecte-se: evite o uso de dispositivos eletrônicos ao menos uma hora antes de dormir, pois a luz azul das telas prejudica o sono.
- Exercite-se regularmente: atividades físicas contribuem para uma boa noite de descanso.
Seguir essas práticas ajuda a promover um sono mais saudável e prevenir problemas associados à sua falta.
Da Redação/Clicknews/G1