Influência da internet, globalização e mudanças culturais fazem nomes como Neusa, Terezinha e Benedito saírem de moda
Nomes que marcaram gerações no Brasil estão desaparecendo dos registros civis. Dados do Censo Demográfico de 2022, realizado pelo IBGE, mostram que nomes muito comuns entre as décadas de 1940 e 1970 praticamente sumiram das certidões de nascimento.
A pesquisa indica que escolhas tradicionais — como Neusa, Terezinha e Benedito — hoje registram menos de 10 mil ocorrências anuais, um contraste drástico em relação ao passado. O fenômeno reflete a influência das mídias digitais, da globalização e das mudanças nos padrões culturais e familiares.
É provável que muitos brasileiros ainda tenham uma avó ou bisavó com um desses nomes. No entanto, as novas gerações buscam referências diferentes e optam por nomes mais curtos, modernos ou internacionais.
A queda dos nomes femininos clássicos
O levantamento do IBGE mostra que nomes femininos perderam popularidade de forma acentuada.
O nome Neusa, por exemplo, somava 36 mil registros na década de 1950, mas caiu para apenas 243 nos anos 2000. Já Terezinha, que teve 84 mil registros na mesma época, aparece com menos de 770 no início do século XXI.
Esses números ilustram uma mudança significativa no gosto das famílias brasileiras e evidenciam uma ruptura com as tradições de batismo do século passado.
Homens também abandonaram os nomes tradicionais
O mesmo movimento ocorre com nomes masculinos. O nome Benedito, que já teve 54.451 registros nos anos 1950, aparece com apenas 2.560 registros nos anos 2000. Já Severino, outro nome tradicional, caiu de 39.475 para 1.373 registros no mesmo período.
Outros nomes também estão perdendo espaço:
- Agenor — 28.397 registros
- Ataíde — 13.165 registros
- Celestina — 4.855 registros
- Clotilde — 9.103 registros
- Delfina — 5.445 registros
- Oswaldo — 1.335 registros
Esses dados reforçam o quanto as preferências culturais e linguísticas vêm se transformando nas últimas décadas.
A força da mídia e das novas referências culturais
Entre os fatores que explicam essa mudança está o impacto da mídia e do entretenimento. Personagens de novelas, filmes e séries costumam inspirar os pais na hora de escolher nomes para os filhos.
Um caso emblemático é o do nome Enzo, que se popularizou no Brasil nas décadas de 2000 e 2010, impulsionado por um personagem da novela Avenida Brasil, exibida pela TV Globo em 2012.
A influência internacional também ganhou peso com a internet, fazendo crescer o uso de nomes com pronúncia global e aparência moderna.
Religião e busca por originalidade
Enquanto nomes religiosos como Maria e José continuam entre os mais registrados, refletindo a tradição católica e cristã do país, cresce o interesse por nomes curtos e únicos.
Exemplos como Lia, Brian e Theo mostram essa tendência contemporânea: nomes simples, mas marcantes, que soam bem em diferentes idiomas e representam a busca por identidade e exclusividade.
(Com Agência Gazeta)