Manifestação visa pressionar o Congresso e cobrar mudanças nas políticas fiscais do governo Lula
Enquanto o governo federal enfrenta embates com o Congresso Nacional, movimentos sociais e a base do Partido dos Trabalhadores (PT) se preparam para um ato em São Paulo, programado para esta quinta-feira (10), com foco na taxação dos mais ricos e no fim da jornada de trabalho 6×1. Estas pautas, no entanto, têm encontrado resistência significativa no Legislativo.
Divisões no PT sobre a estratégia
Dentro do PT, há um dilema entre pressionar mais fortemente os parlamentares ou adotar uma postura mais comedida para não agravar ainda mais a relação já tensa entre o presidente Lula e o Congresso. O ato, embora voltado ao Congresso e ao “Centrão”, buscará evitar ataques diretos a figuras-chave como o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), que são menos conhecidos entre o grande público.
Segundo os organizadores, um discurso mais amplo e genérico tem mais chances de atrair os manifestantes, com a expectativa de que, ao longo do protesto, parlamentares sejam mencionados nominalmente. A manifestação, que acontecerá na Avenida Paulista, em frente ao MASP, tem como objetivo principal reagir à recente derrubada dos decretos que alteravam as alíquotas do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) pelo Congresso, decisão tomada há duas semanas.
Movimentos sociais intensificam as cobranças
Na semana passada, integrantes da Frente Povo Sem Medo, incluindo o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), realizaram um protesto na sede do Itaú BBA, na Avenida Faria Lima, em São Paulo, pedindo a taxação dos super-ricos. O movimento também promoveu um protesto convocando por uma taxação “BBB” – de bancos, apostas e bilionários. A ação gerou reações críticas entre opositores bolsonaristas, e agora os militantes preveem que o ato desta quinta-feira amplie a pressão por mudanças nas políticas fiscais do governo.
Resistência do Centrão às reformas fiscais
Parlamentares do Centrão, conhecidos por seu pragmatismo político, têm se mostrado resistentes à proposta do governo de criar um imposto mínimo para rendas mensais superiores a R$ 50 mil. Essa tributação visaria compensar a perda de arrecadação causada pela isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil, uma das promessas de campanha de Lula nas eleições de 2022.
Para aliados de Lula, a pressão popular torna-se fundamental para que essas propostas avancem no Congresso. A coordenadora nacional do MTST e da Frente Povo Sem Medo, Ana Paula Perles, comentou à Folha: “Vamos lotar a Avenida Paulista exigindo que os pobres sejam incluídos no Orçamento e os ricos no Imposto de Renda.”
Apoio e mobilização para a manifestação
A manifestação tem ganhado apoio nas redes sociais, com a convocação do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), ex-líder do MTST. Boulos tem criticado duramente a postura do Congresso, especialmente em relação à resistência de Motta e outros deputados às propostas do governo.
O diretório municipal do PT em São Paulo também está à frente da organização do ato, mas há divergências sobre o tom da manifestação. Alguns petistas defendem críticas generalizadas ao Congresso, enquanto outros preferem um discurso mais contundente, focado nas lideranças que se opõem diretamente às pautas econômicas do governo.
Protesto com objetivo de mobilizar a população
O ato está programado para começar às 18h, com o objetivo de permitir que trabalhadores participem após o expediente. Dependendo do sucesso da mobilização em São Paulo, os organizadores não descartam realizar novos protestos em outras cidades.